Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
O VENENO DO TEATRO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Dizem que a arte imita a vida. Ou a vida imita a arte? Tais questões são o cerne do excelente texto dramático O Veneno do Teatro, do espanhol Rodolf Sirera, que propõe um mórbido jogo entre um aristocrata e um ator. Escrito para a televisão espanhola em 1978, o texto já foi encenado em 60 países e, no Brasil, estreou em 2011 com a Cia. Veneno do Teatro, sob direção de Bartholomeu de Haro. A nova versão é dirigida com segurança por Eduardo Figueiredo e marca o retorno aos palcos de Osmar Prado, após dez anos de ausência, para contracenar com Maurício Machado, também idealizador da montagem, nesta produção da Manhas e Manias em cartaz no Sesc Santana. Os dois atores criam um jogo sofisticado e surpreendente. Prado faz uma construção contundente de seu personagem, navegando por diversas matizes ao longo da peça, sem perder seu costumeiro charme cênico e facilidade em colocar humor nas mais tensas falas, o que encanta quem o assiste. Machado constrói seu ator vedete com tintas fortes, desfilando pelo palco de modo pavoneado, e se aproximando do naturalismo à medida que o texto avança e tal estilo é exigido cada vez mais de seu personagem, fazendo o espectador acompanhar as interessantes nuances que o mesmo vive. O afiado jogo de poder se estabelece e troca de mãos, com uma interessante crítica de classe. O clima de suspense cresce em uma atmosfera que deixa o espectador inquieto na poltrona, preso ao desenrolar daquele encontro no palco. Mérito da perspicaz direção de Eduardo Figueiredo — com assistência de Gabriel Albuquerque —, devoto da boa carpintaria teatral. Enquanto o diálogo entre os dois atores avança, repleto de reviravoltas surpreendentes, a virtuosa música ao vivo de Matias Roque Fideles, sob direção musical e trilha de Guga Stroeter, faz interesssante contraponto. O time criativo colabora para este conjunto coeso, como o belo desenho de luz de Paulo Denizot, repleto de contras e que conversa o tempo todo com os climas propostos pelo texto, além da propositiva cenografia de jogo de xadrez e elegantes figurinos do talentoso Kleber Montanheiro. Calcada na metalinguagem, a peça presta um tributo ao próprio teatro, exigindo de seus intérpretes a máxima doação: aquela que torna o falso algo real, tangível. Por investigar filosoficamente os limites entre ator e o personagem, este é um texto obrigatório a qualquer profissional do teatro, sobretudo os intérpretes, além daqueles apaixonados por essa arte que encanta e também fere, tal qual o mais sofisticado veneno.
★★★★
O VENENO DO TEATRO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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