★★★★★ CADA UM COM SEUS POBREMA Avaliação: Ótimo Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Muito do que nos provoca o riso no palco pode ter nascido de lugares sombrios. E é esse inescrutável dom, de tranformar perrengues em motivo de graça, o grande trunfo de humoristas de talento. Este é o caso de Marcelo Medici em seu solo de sucesso há 20 anos Cada Um Com Seus Pobrema, um clássico do nosso humor neste século 21. Ator versátil, ele é nome fundamental da comédia brasileira. Para nossa alegria, o artista está de volta aos palcos de sua adorada terra natal, São Paulo, para celebrar as duas décadas de êxito de seu solo blockbuster. É bom correr, porque a temporada é curtíssima, com sessões às terças, 21h, no Teatro Opus Frei Caneca (compre seu ingresso). A peça também faz turnê pelo Brasil (em @cadaumcomseuspobrema é possível acompanhar locais e datas). Dirigido por Ricardo Rathsam, que também assina a dramaturgia ao lado do intérprete, e produzido por Rodrigo Velloni, o solo tem Medici navegando com facilidade por cerca de uma dezena de personagens icônicas de sua carreira. Na lista, estão o voluntarioso e quase extinto Mico Leão Dourado e a cínica apresentadora infantil Tia Penha, aquela que detesta os baixinhos. Os personagens vão surgindo de forma orgânica a partir de um ator em crise com sua carreira — não é nada fácil ser ator de teatro no Brasil, nos lembra o intérprete a cada instante. Tudo surge no camarim, após o artista interpretar Hamlet, de William Shakespeare, na língua do P. O público se diverte à beça também com a vidente Mãe Jatira, com suas visões do outro mundo e interações com a plateia, e também com o corintiano Sanderson, o típico motoboy paulistano, mano. Ainda há espaço para Smurfete, que ficou desempregada com a baixa dos desenhos animados na TV, e Cleuza, a falante faxineira do teatro que recepciona o público de forma calorosa, numa prévia do excelente espetáculo que está por vir. Quem assistiu no passado precisa voltar, vale a nostalgia e as novas risadas, já que o texto foi atualizado. Já quem só ouviu falar de Cada Um Com Seus Pobrema deve rumar para o teatro e rir até a barriga doer. E, de quebra, presenciar um dos grandes atores de sua geração, o generoso Marcelo Medici, que transforma seus medos mais profundos na nossa alegria.
★★★★★ CADA UM COM SEUS POBREMA Avaliação: Ótimo Crítica por Miguel Arcanjo Prado