★★★ Crítica: O Ninho, de Newton Moreno, faz de busca por origens um manifesto contra o ódio
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★
O NINHO
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
A busca pela origem é um dos questionamentos intrínsecos à humanidade. Não é diferente no musical original O Ninho, Um Recado da Raiz, escrito e dirigido por Newton Moreno, nome responsável por sucesso nos palcos paulistanos como Memória da Cana e As Cangaceiras. A obra estreou sob fortes aplausos no Sesc Bom Retiro, onde faz curtíssima temporada até 21 de abril (compre seu ingresso). A montagem da Velloni Produções, de Rodrigo Velloni, apresenta um personagem em busca de seu passado em meio aos canaviais do interior de Pernambuco, com dramaturgismo de Bernardo Bibancos. Com assistência de Almir Martines, a direção de Moreno aposta em uma encenação enxuta e minimalista. O roteiro revela uma surpreendente presença nazista no sertão nordestino, fruto de árduo trabalho de pesquisa do autor. Em cena, Paulo de Pontes, Tay Lopez, Kátia Daher, Badu Morais, Rebeca Jamir e Jorge de Paula conduzem este escarafunchar do passado em meio a uma encenação épica e por vezes declamatória, que revela segredos escondidos a sete chaves. A belíssima trilha original de Zeca Baleiro, sob direção musical dele com André Badurê, é executada em cena pelos músicos André Bedurê e Pablo Moura, com ajuda do próprio elenco, trazendo maior dramaticidade à encenação. A concisa cenografia de André Cortez é repleta de nuances que dialogam com a iluminação de Wagner Pinto. Ao tratar da ancestralidade, O Ninho revela conflitos que perpassam gerações e povos, tal qual a curiosidade do bicho homem em saber de onde veio, mesmo que esta possa ser uma indigesta descoberta, transformando esta busca em um manifesto contra a ascensão do ódio no Brasil e no mundo.
★★★
O NINHO
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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