★★★ Crítica: Ana Lívia tem duas grandes atrizes em texto complexo de Caetano Galindo no Festival de Curitiba
Por ANDRÉ NUNES*
Especial para o Blog do Arcanjo
★★★
ANA LÍVIA
Avaliação: Bom
Crítica por André Nunes
Ana Lívia, texto de Caetano Galindo e dirigido por Daniela Thomas com as atrizes Bete Coelho e Georgette Fadel, fez duas apresentações praticamente lotadas do Teatro da Reitoria no 32º Festival de Curitiba. É uma peça que traz duas atrizes como se estivessem nos bastidores de algum hipotético teatro, como se fosse um ensaio, onde mergulham em uma confabulação de texto. Uma delas, interpretada pela Bete Coelho, parece querer contar uma coisa para a colega atriz, vivida por Georgette Fadel, um texto que ela recebeu. Nessa obsessão por contar, ela encontra-se travada, presa neste ciclo. Juntas, elas fazem muitas elucobrações, constroem devaneios. Neste afã do exercício da interpretação e da palavra dita previamente escrita, elas vão e voltam. É a típica peça “cabeçuda”, para dizer o jargão, que bebe da fonte literária para construir uma dramaturgia complexa. Dá para ver claramente que é um texto, ao mesmo tempo, muito bom para ser falado, mas que não chega a ser engessado na linguagem literária, fruto da habilidade do autor, que também é tradutor. Entretanto, ao mesmo tempo, como é um texto para o teatro, é perceptível que trata-se da primeira incursão do autor como dramaturgo, há a ausência de certa costura teatral. Fica evidente que é uma peça que se afasta de segmentos mais abrangentes do público, ficando mais focada em iniciados na literatura e no teatro. A peça da Cia BR116 Teatrofilme, definida como “tragicomédia” e com belas imagens construídas pela direção de Daniela Thomas — coassinada por Bete Coelho e Gabriel Fernandes —, foi bastante aplaudida na sessão vista por este jornalista, em especial pela atuação das duas grandes atrizes, que se entregam totalmente ao texto. Seriam elas a mesma pessoa, Ana Lívia? Ou seriam Ana e Lívia, duas atrizes? Ou duas irmãs? Com tantas ideias, o final fica em aberto a para interpretação do público que chegou à obra sem prévias referências. Em conversa com a imprensa durante o Festival de Curitiba, o autor explicou: “Espero que as pessoas saiam mais se perguntando ‘o que diabos foi aquilo?’ do que tendo entendido uma história clara, tem muita coisa para você ficar com a pulga atrás da orelha”. Entre tantas dúvidas, Caetano Galindo revelou que não se sabe ao certo a identidade das duas mulheres em cena e a relação existente entre elas, nem o que estão fazendo ali. O espectador que resolva.
★★★
ANA LÍVIA
Avaliação: Bom
Crítica por André Nunes
*André Nunes é comunicador social formado em Jornalismo e mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com intercâmbio na Université Stendhal de Grenoble, na França. É CEO e diretor de conteúdo do site Mural do Paraná. Atuou no projeto Vozes do Paraná e passou por veículos como Rádio CBN Curitiba, Rádio 91 Rock, Rádio BandNews Curitiba, Jornal Metro Curitiba, Revista HAUS e Revista Referência. Tem coluna semanal sobre tecnologia no Diário Indústria & Comércio desde 2022. Como assessor de imprensa, trabalha desde 2018 na Talk Comunicação, tendo atuado nas agências NQM Comunicação, IEME Comunicação e Central Press.
- Fringe abre inscrições para peças do Circuito Independente no Festival de Curitiba
- Gaby Spanic, estrela de A Usurpadora, faz show em São Paulo no Carioca Club
- Restaurante Dona Lucinha resguarda o sabor de Minas Gerais em casarão histórico de Belo Horizonte
- Centro de Arte Popular de Minas Gerais tem coleção de rara beleza no Circuito Liberdade em BH
- Museu de Artes e Ofícios SESI é cartão-postal repleto de memória no coração de Belo Horizonte
Siga @miguel.arcanjo
Ouça Arcanjo Pod
Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
© Blog do Arcanjo – Cultura e Entretenimento por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.