★★★★★ Crítica: Azira’i arrebata Festival de Curitiba em solo sensível e histórico de Zahy Tentehar

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba*
Com reportagem de TIAGO LIRA
Estudante de Jornalismo da Universidade Positivo, sob supervisão da professora e jornalista Katia Brembatti
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AZIRA’I
Avaliação: Ótimo
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
O friozinho com garoa que deu o tom do encerramento do 32º Festival de Curitiba foi esquentado de forma surpreendente por um dos mais sensíveis espetáculos já vistos no maior evento das artes cênicas da América Latina: Azira’i, tocante solo com Zahy Tentehar, primeira indígena na história a vencer o Prêmio Shell de Melhor Atriz. Antes de aportar na capital do Paraná, a peça fez temporadas consagradoras no Rio e em São Paulo e merece circular pelo Brasil e pelo mundo. O espetáculo brilhantemente dirigido por Duda Rios e Denise Stutz e produzido pela Sarau, de Andréa Alves e Leila Maria Moreno, fez a derradeira sessão do evento neste domingo (7), diante de um lotado Teatro da Reitoria, no centro curitibano. No espetáculo autobiográfico, Zahy compartilha detalhes íntimos de sua jornada de crescimento na aldeia colônia da reserva indígena Cana Brava, no Maranhão, a cerca de 500 km da capital São Luís, e, sobretudo, do convívio com sua mãe, que dá nome ao espetáculo. Neste encerramento emocionante do Festival de Curitiba, cada palavra pronunciada por Zahy transportou o público para a grandiosidade de sua história vivida ao lado de sua maior inspiração, a pajé Azira’i, sua mãe. Com a ajuda da delicada iluminação de Ana Luiza Molinari (também vitoriosa no Prêmio Shell), a atriz construiu uma comunhão ritualística com o público, fazendo o mesmo inclusive conhecer mais de sua língua, de sua cultura, de sua forma de enxergar o mundo. Em diversos momentos, o público se emocionou profundamente e a respiração dos espectadores estava no compasso da atriz. Após a aclamada apresentação, Zahy e sua equipe foram agraciadas com uma torrente de aplausos que duraram mais de 4 minutos, com o público em pé, em êxtase diante do presente poético recebido. Depois de receber a torrente de amor dos curitibanos, visivelmente emocionada, Zahy expressou sua gratidão. “Este espetáculo foi um processo de cura, trata-se de cura, e desejo que continuemos a nos curar cada vez mais”, discursou. Entre os espectadores, Camila Ferrão, psicóloga de 32 anos, compartilhou com o Blog do Arcanjo: “Foi uma surpresa maravilhosa para mim; eu não esperava essa delicadeza com que a atriz nos introduziu a este universo. É fascinante essa imersão na cultura indígena; mais do que cultura, é história. Sentimos que ela segura nossa mão e nos guia, compartilhando suas emoções conosco. Foi incrivelmente emocionante”, definiu. O espectador Paulo Ferracioli, de 31 anos, afirmou por sua vez: “Foi surpreendente, um texto profundamente tocante, que nos permite conhecer mais sobre o Brasil”, pontuou, antes de completar: “O Festival de Curitiba apresenta peças tanto nacionais quanto internacionais, algumas premiadas. E é por meio deste festival que podemos vivenciar essa diversidade cultural”. Foi com esse gostinho de quero mais que, após duas semanas de 300 atrações vistas por 200 mil pessoas, com mais de 2.000 artistas e técnicos envolvidos e outros 2.000 empregos gerados, que chegou ao fim o 32º Festival de Curitiba. Após a natureza ter brindado o evento com dias de sol e calor, no último fim de semana do evento, o frio do outono se anunciou outra vez, como se o tempo estivesse tristonho pelo fim desta grande festa do teatro, mas com direito à quentura de um fechamento com chave de ouro, com um dos melhores espetáculos de teatro dos últimos tempos, chamado Azira’i, com esta potência delicada chamada Zahy Tentehar.
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AZIRA’I
Avaliação: Ótimo
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Zahy Tentehar na Globo
Após o Festival de Curitiba, a atriz Zahy Tentehar, da peça Azira’i, poderá ser vista em dose dupla na Globo. Ela é a aprsentadora do especial Falas da Terra, que será exibido no dia 15 de abril. Na mesma data, ela também estreia na novela das 18, No Rancho Fundo, novela de Mario Teixeira com direção artística de Allan Fiterman na qual também atuará o diretor de Azira’i, Duda Rios. Sucesso em dose dupla.
*O jornalista e critico Miguel Arcanjo Prado viaja a convite do Festival de Curitiba.
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FICHA TÉCNICA
Um solo de Zahy Tentehar; Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios; Direção: Denise Stutz e Duda Rios; Direção de Arte e Design Gráfico: Batman Zavareze; Trilha Sonora Original: Elísio Freitas; Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni; Figurinos: Carol Lobato; Direção de Produção e Produção Artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno. Companhias: @sarauagencia e @aziraiespetaculo
Blog do Arcanjo mostra imagens de Azira’i no 32º Festival de Curitiba com Zahy Tentehar pelo olhar da fotógrafa Annelize Tozetto









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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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