O Filho da Rainha e A Mãe do Rei, coprodução Portugal-Brasil, chega a SP dirigida por Cassio Scapin
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Luísa Ortigoso e Beto Coville, da companhia Teatro Livre, de Portugal, protagonizam texto inédito de Cassio Junqueira dirigido por Cassio Scapin
Os personagens desta peça internacional fazem parte da história não só do Brasil como de Portugal, de onde vem O Filho da Rainha e A Mãe do Rei. A obra, uma coprodução Portugal-Brasil, faz apenas quatro sessões no Teatro Alfredo Mesquita, em Santana, São Paulo, entre 9 e 12 de maio de 2024, com sessões de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h.(compre seu ingresso). A peça tem produção de André Acioli e Dani Angelotti (Brasil) e Helena Veloso e Nuno Pratas (Portugal), em iniciativa da Teatro Livre e Cubo Produções. Com direção de Cassio Scapin, a montagem traz os atores Luísa Ortigoso e Beto Coville da companhia Teatro Livre, de Portugal, para a estreia inédita no Brasil.
Mãe, filho e monarquia
Inspirado na vida de Dona Maria I e do seu filho Dom João VI, monarcas de Portugal e do Brasil colonial, o espetáculo O Filho da Rainha e A Mãe do Rei mergulha na complexa a relação entre mãe e filho para tratar de questões como hierarquia, poder, estado, nação e patriarcado.
O texto, escrito por Cássio Junqueira, propõe uma abordagem crítica, convidando o espectador a interpretar as personagens através de uma lente contemporânea destacando a relação entre mãe e filho, capaz de conectar de nobres a plebeus, antigos e contemporâneos.
Além disso, também aborda o lado humano, frágil e visceral encoberto pela pompa e pela caricatura dessas figuras tão pitorescas no nosso imaginário: ‘a rainha louca e o rei comilão’.
Patriarcado
A dificuldade da mulher em ocupar lugares de poder em uma sociedade machista, a luta por igualdade de direitos, as relações familiares permeadas por poder e dinheiro e a necessidade de superar os pais na hora de governar são alguns dos temas que trazem diferentes vernizes a essa história de mãe e filho tão importantes para Portugal e o Brasil.
Dona Maria I, conhecida como a ‘Rainha Louca’, é uma das personagens históricas mais interessantes dos nossos países, conta o autor, que se inspirou na biografia da rainha, mas também nas histórias de outras mulheres para abordar a relação feminina com o poder. “Se uma mulher se impõe com mais energia, ainda é comum ser considerada louca”, diz Junqueira.
É uma peça de relação, na qual os atores precisam oscilar da pessoa instituição para a pessoa humana. E essa dualidade que mistura e repele ao mesmo tempo é muito interessante de se ver no palco”.
Cassio Scapin
diretor
Temporada luso-brasileira
A capacidade de discutir várias tramas em uma história atraiu Luísa Ortigoso. “Havia muitas camadas para desbravar: a mulher, a mãe, a rainha, a mulher no poder em um mundo de homens e para homens. Para mim, estas questões foram mais interessantes de trabalhar do que tentar um retrato realista da personagem”, conta a atriz portuguesa, que desembarca no Brasil pela segunda vez.
Para o ator Beto Coville, a humanização dos personagens provocou um grande sentimento de redenção e comoção, que ele espera ver refletidos no público. Para construir seu D. João, ele buscou os conflitos psicológicos mais intrigantes, como o complexo de “patinho feio” por estar à sombra do irmão mais velho ou em um casamento sabidamente infeliz.
Migrações Brasil-Portugal
Falar deste período histórico marcado pela vinda da corte portuguesa para o Brasil em um momento em que o fluxo migratório tem sido o contrário é outro ponto que pode despertar reflexão no público, espera Scapin. “É importante que as pessoas repensem a história e joguem luz sobre algumas questões que construíram o nosso presente, uma história que merece ser olhada de diversas maneiras, mas não apagada”.
A montagem partiu de um convite do ator Beto Coville, brasileiro radicado em Portugal, para Cássio Scapin, com quem já havia trabalhado na década de 1980. “Em 2020, dois anos antes das comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, a nossa companhia de teatro daqui, Teatro Livre, resolveu fazer um espetáculo entre dois continentes, uma co-produção. Fornecemos os nossos pontos de vista e os livros, Dona Maria I – A Rainha Louca, da Luisa Boléo e As Lágrimas de Dom João, de Alice Lázaro, para ser a base da peça”, conta.
Sucesso em Portugal
Com apoio do Ministério da Cultura de Portugal, o espetáculo estreou no Palácio da Ajuda em 2022 e foi apresentado no Teatro Meridional em 2023. Agora, em parceria com os produtores Dani Angelotti e André Acioli, a Cia. Teatro Livre faz sua estreia no Brasil incentivada pelo programa de internacionalização do Ministério da Cultura com a DGArtes e apoio da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo.
O Filho da Rainha e a Mãe do Rei
Uma mãe e um filho. Ela rainha e Ele que, não sendo primogénito, não nasceu para ser rei. O primogénito amado morreu. Agora, com o tempo, a idade e a vida, a cabeça da mãe rainha lembra apenas o que a mantém viva. E esse filho rei desabrocha, cresce e corta aos poucos o cordão real que o mantinha em segundo plano, assumindo o seu posto e construindo um reinado que deixou marca nos dois continentes onde foi soberano.
Ficha Técnica:
Texto: Cássio Junqueira. Direção: Cássio Scapin. Elenco: Luísa Ortigoso e Beto Coville. Assistência de Direção: Inês Oneto. Cenografia: Eurico Lopes. Figurinos: Fábio Namatame. Música: Davide Zaccaria. Desenho de Luz: Pedro Santos. Fotos: Daniel Fernandes e Sandra Cepinha. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Designer Gráfico Portugal: André Vaz/ Innovdesigner. Produção Portugal: Helena Veloso e Nuno Pratas. Produção Brasil: André Acioli e Dani Angelotti. Realização: Teatro Livre e Cubo Produções.
Serviço:
O Filho da Rainha e A Mãe do Rei
Estreia dia 9 de maio, quinta, às 21h no Teatro Alfredo Mesquita
Temporada: De 9 a 12 de maio de 2024 – Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h.
Classificação: 10 anos.
Duração: 60 minutos.
Teatro Alfredo Mesquita – Av. Santos Dumont, 1770 – Santana – São Paulo
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada)
Vendas online: Sympla – https://www.sympla.com.br/produtor/ofilhodarainhaeamaedorei
Bilheteria presencial: 1 hora antes de cada sessão.
Capacidade: 198 lugares.
Acessibilidade: O Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida na plateia.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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