Mostra de Artes Cênicas foi de 2 a 5 de maio de 2024 na cidade histórica mineira; evento criado por Aline Garcia tem amor do público e respeito da classe artística
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial a Tiradentes, Minas Gerais*
O 11º Tiradentes em Cena – Mostra de Artes Cênicas realizou a maior edição de sua história de 2 a 5 de maio de 2024, o que o coloca consolidado como um dos principais e mais relevantes eventos teatrais de Minas Gerais e do Brasil, almejando cada vez maior peso internacional na América Latina. O público estimado foi de 12 mil pessoas. Foram gerados 42 empregos diretos e mais de 500 indiretos, comprovando a força da cadeia produtiva da economia criativa. Sob idealização, direção geral e curadoria de Aline Garcia, o evento utilizou 14 diferentes espaços de Tiradentes, cidade histórica na região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, além de ter montado dois grandes palcos no largo da Rodoviária, O Palco Instituto Cultural Vale e o Palco Sesc, que tiveram apresentação de Rodrigo Rosado. O evento, que teve o tema Encontros e Celebrações, também fez a economia girar, com 62 estabelecimentos da rede gastronômica e hoteleira de Tiradentes acolhendo e recebendo os participantes.
Plural e inclusivo
As grandes homenageadas deste ano foram a atriz Christiane Torloni e Monah Delacy, filha e mãe. O Tiradentes em Cena conversou com diversas gerações: cerca de 230 crianças foram beneficiadas em ações de formação de plateia, assim como os idosos moradores do Abrigo Tiradentes, que receberam um espetáculo no asilo. Foram 31 espetáculos apresentados com acessibilidade — o evento contou com intérpretes de libras. Eles foram escolhidos pela curadoria a partir de 446 peças inscritas no site do Tiradentes em Cena.
E o público também teve espaço para diálogo e formação, com 9 cena encontros, 1 oficina de internacionalização e 4 oficinas de capacitação. Ainda estiveram no time criativo Nina Capel, na gestão administrativa e financeira, Vinicius Cristóvão, na direção artística, e Carolina Correa na coordenação internacional.
Estiveram presentes artistas como Paulo Betti, Oficcina Multimedia, Ione de Medeiros, Veronez, Armatrux, Teatro da Pedra e Instituto In-Cena, entre outros.
Quem acha que o evento terminou no domingo, 5 de maio, está enganado.
“Na realidade, a gente não finaliza. É um start para várias ações que o Tiradentes em Cena ainda quer promover ao longo do ano, tanto com formação, como com espetáculos, palestras e trocas. Então, a gente ainda tem surpresas pela frente”, promete Aline Garcia.
O 11º Tiradentes em Cena foi um marco. O que aconteceu nesses quatro dias em Tiradentes foi algo impressionante. Ver uma plateia envolvida, com os espetáculos chegando às pessoas e alguns até com fila de espera, foi gratificante. A gente percebe que está no caminho certo. Porque fazemos o evento para o público, para democratizar o acesso à arte e à cultura”.
Aline Garcia
Diretora, idealizadora e curadora do Tiradentes em Cena
Aline Garcia lembra que foram dias de muito suor e trabalho por parte de uma competente equipe, que abraçou o evento com todo o carinho do mundo, o que se notou na percepção dos artistas e convidados do mesmo. “É frenético, lógico que é cansativo, mas a gente busca humanizar ao máximo todas as nossas ações, é a nossa forma de fazer”, explica a idealizadora, curadora e diretora geral do Tiradentes em Cena.
Parceiros foram fundamentais
Ninguém faz um evento de tal porte sem parceiros, lembra Aline Garcia, fazendo questão de agradecer nominalmente os apoiadores. “Temos o Instituto Cultural Vale como nosso patrocinador máster, além de patrocínio da Cemig e parceria cultural com o Sesc e promoção cultural de O Tempo. A realização é pela Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, via Ministério da Cultura do Governo Federal. Sem eles e tantos outros apoiadores locais, como a Prefeitura de Tiradentes, o Instituto Rouanet, o Iepha, a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, o Campus Cultural UFMG em Tiradentes, o Centro Cultural Yves Alves, Espaço Cultural Aimorés e o Iphan, nada disso seria possível. E também agradeço à minha gestora cultural Nina Capel, minha grande parceira na gestão administrativa deste grande evento, e ao Vinícius Cristóvão, que fez brilhantemente a direção artística, além de toda a minha competente equipe e a todos os artistas, técnicos, iluminadores, fotógrafos, produtores, jornalistas e tantos outros, mas, sobretudo ao público. Juntos nós movimentamos a cidade com o Tiradentes em Cena”.
Trocas intensas
As trocas foram intensas, rodeadas pela atmosfera única de Tiradentes com suas ruas e casarios tricentenários. “Tiradentes em Cena é um lugar de sonho. São experiências fantásticas, no encontro do lugar, do evento e de pessoas especiais. Para mim esse foi o sentido desta 11ª edição. Pudemos visualizar um lindo futuro para o Festival, com acesso democrático e acolhimento tanto a grupos da região quanto nacionais e futuramente internacionais”, pontua a atriz e produtora cultural Carolina Correa, coordenadora internacional do evento, destacando a participação do argentino Marcelo Castillo, do Girart e Teatro La Cochera, de Córdoba. “Ele trouxe essa preparação que o artista precisa ter para ir e para receber. Foi interessante em ver como todos na oficina estavam atentos e curiosos para compreender as possibilidades internacionais para os próximos anos, bem como a manutenção das conquistas”, fala.
O que mais me marcou nesta 11ª edição do Tiradentes em Cena foi a preparação para um futuro brilhante e cada vez mais internacional.”
Carolina Correa
Coordenadora internacional do Tiradentes em Cena
Olhos atentos nos bastidores
Diretor artístico do Tiradentes em Cena, o diretor, ator e produtor cultural Vinícius Cristóvão define como “uma realização de conquista e maravilhosos contatos e pessoas que levarei para vida inteira” sua participação no evento. E elogia toda a equipe do festival.
“Tornar-me diretor artístico da Mostra Tiradentes em Cena neste ano para mim foi um salto e uma conquista, no sentido de já há oito anos estar fazendo a produção do Festival de Cenas Curtas do Tiradentes em Cena e há dez anos me apresentar como ator”, fala. “Quando a Aline Garcia me convocou, fiquei muito feliz e também muito desafiado, porque eu sei da grande importância do diretor artístico no sentido de conectar todas as questões do evento, técnicas e artísticas. Então, é um trabalho que eu considero de grande importância, no sentido de ser esse ponto convergente de conexão do que é técnico para o estético. E nisso as relações humanas são fundamentais”, define.
Vinícius Cristóvão conta que foram mesese de trabalho e planejamento com a equipe para deixar tudo alinhado: “O diretor artístico, para mim, está além da sua parte técnica, que é essencial e muito importante, mas também na parte afetíva, de como lidar com esse humano, nos seus desejos dele, e como fazer com que tudo ocorra da melhor forma, para que chegue o melhor ao público”.
O Tiradentes em Cena uniu todo esse trabalho humano ao técnico e estético, para chegar ao público com amor, de maneira que ele se entreteve e que também refletisse. Ao fim, levamos todos uma experiência memorável para casa.”
Vinícius Cristóvão
diretor artístico do Tiradentes em Cena
Números do 11º Tiradentes em Cena 2024
12 mil pessoas de público estimado
42 empregos diretos e mais 500 empregos indiretos
14 espaços usados para apresentações artísticas
230 crianças atendidas – formação de plateia
62 estabelecimentos da rede gastronômica e hoteleira de Tiradentes
446 espetáculos de todo o Brasil inscritos pelo banco de propostas online
31 espetáculos apresentados (entre dança, teatro, circo e música)
9 cena encontros (promovendo diálogos)
1 oficina de internacionalização
4 oficinas de capacitação
Repercussão positiva
Tanto acolhimento, com a típica hospitalidade mineira, famosa em todo o mundo, foi sentido por quem participou do Tiradentes em Cena. Gente como Fabíula Passini, diretora do Festival de Curitiba, o maior evento das artes cênicas da América Latina, que realizou sua 32º edição um mês antes na capital do Paraná, e que esteve pela primeira vez em Tiradentes durante a Mostra.
“A minha impressão sobre o Tiradentes em Cena foi a melhor possível. Eu fiquei muito surpresa de ver como uma cidade abraça e respira o Festival. A comunidade se envolve, nas peças, nos bares, nos restaurantes, nas pousadas, com as pessoas fazendo a divulgação da programação”, analisa Passini.
Para a produtora cultural, “as atrações que o festival levou conversam muito com a cidade, foram atrações de muita qualidade”. E revela que um lugar que lhe chamou a atenção. “Eu gostei muito daquele ambiente da praça, no largo da Rodoviária, um ambiente muito convidativo. As pessoas passavam muitas horas ali, como se fosse um evento de permanência mesmo. Não é só eu vou lá para assistir aquela peça ao determinado horário. É um evento tão convidativo que as pessoas querem aproveitar ao máximo”, analisa.
A diretora do Festival de Curitiba conta que ficou impressionada com os tiradentinos enxergarem o Tiradentes em Cena como algo da cidade. “Eu vi muita gente do comércio indicando para os turistas que eles fossem assistir o Tiradentes em Cena, dizendo que estava acontecendo, e falando disso com muito orgulho. Então, isso foi uma coisa que me marcou bastante, eu gostei muito”.
Gostei muito da energia que o Tiradentes em Cena proporciona. É uma delícia de evento, onde a cidade inteira se envolve, não são só os artistas da cidade, mas também as pessoas que moram em Tiradentes. Tenho certeza que o Tiradentes em Cena vai crescer cada vez mais como um festival importante para Minas Gerais e para o Brasil. Fiquei feliz de ver a força, a garra e a persistência que a Aline Garcia tem para fazer este festival junto de sua equipe. Estou muito feliz em ter participado do Tiradentes em Cena.
Fabíula Passini
diretora do Festival de Curitiba
Trocas artísticas profundas
Os artistas que participaram do evento também elogiam, como André Luiz Dias, diretor do Instituto In-Cena, de Teófilo Otoni, cidade mineira do Vale do Mucuri. “Como produtor e realizador de festival, ver outros festivais é algo muito importante. Sentir outros festivais, outros lugares de Minas, nós estamos falando de geografias e públicos completamente diferentes, com outros olhares, outro treinamento, é sempre uma experiência rica e que nos engrandece”.
Como artista foi impactante assistir a trabalhos de tanta qualidade no Tiradentes em Cena, em uma curadoria excelente, que dialoga com o contemporâneo e ao mesmo tempo reverencia a nossa tradição. Estar entre amigos, estar entre trabalhadores e produtores da arte é sempre muito importante. Para nós, do Instituto In-Cena, foi de uma riqueza e de uma grandeza absurda participar do Tiradentes em Cena.”
André Luiz Dias
diretor do Instituto In-Cena
Sonhos pra 2025
Uma repercussão tão boa já dá gás para novos sonhos em 2025? A diretora do Tiradentes em Cena responde: “O que posso adiantar é que vamos seguir nesse caminho que é o fazer cultural, levando o máximo de espetáculos, de formação, de conversas, encontros, tanto para as pessoas da região de Tiradentes, que é a minha cidade, tanto para as pessoas que vem de fora nos visitar e vivenciar esta experiência inesquecível chamada Tiradentes em Cena”, conclui Aline Garcia.
Que assim seja.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viaja a convite do Tiradentes em Cena.
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Tiradentes em Cena
Mostra de Artes Cênicas
11ª Edição
@tiradentesemcena
Ficha técnica
Idealização e direção geral: Aline Garcia
Curadoria artística: Aline Garcia
Coordenação administrativa e gestão financeira: Nina Capel
Direção artística e Produção Cenas Curtas: Vinicius Cristóvão
Produção executiva: Mariana Caputo
Produção técnica: Rogério Sette Camara
Direção criativa: Filipe Lima / Lima Design
Equipe de produção: Yasmine Rodrigues, Kaue Rocha, Carina Marques, Eleonora Schmidt, Amora Pinheiro, Ricardo Ribeiro, Luiza Cassano e Rogério Sette Camara.
Coordenadora Internacional: Carolina Correa
Assessoria de Imprensa: Luz Comunicação
Equipe comunicação: Daniela Santana e Sarah Resende, Lucas Reis, Liv Fernandes e Geovane Carvalho
Cobertura fotográfica: Thais Andressa, Thyago Andrade, Heloisa Leão e Marlon de Paula
Cobertura Audiovisual: André Frade, Rodrigo Maia e Rodrigo Parobé
Identidade Visual: Gina Mesquita
Apresentador: Rodrigo Rosado
Projeto visual: Bruno Grossi Begê e Daniele Muffato
Intérprete de libras: Daiane Bispo e Andréa Nascimento
Audiodescrição: Vanessa Oliveira
Website Criação: Technosupport
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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