★★★★ Crítica: O Filho da Rainha e A Mãe do Rei estreia sob fortes aplausos em SP e une Brasil e Portugal

O Filho da Rainha e A Mãe do Rei estreia com sucesso no Teatro Alfredo Mesquita em SP © Rafa Marques Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
O FILHO DA RAINHA E A MÃE DO REI
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Dois monarcas cujos feitos são parte da história de Portugal e do Brasil. O rei Dom João VI e sua mãe, a rainha Maria I, são tema de um embate monárquico no drama O Filho da Rainha e A Mãe do Rei. A obra estreou nesta quinta no charmoso Teatro Alfredo Mesquita, em Santana, zona norte de São Paulo, onde cumpre quatro sessões de 9 a 12 de maio: quinta, sexta e sábado, 21h, e domingo, 19h (compre seu ingresso). Coprodução Brasil e Portugal vinda de Lisboa, com o Teatro Livre e produção local da Cubo Produções com André Acioli e Dani Angelotti, a montagem tem direção elegante de Cassio Scapin — com assistência de Inês Oneto — para um minucioso texto de Cássio Junqueira, fruto de árdua pesquisa. Em cena, estão o ator brasileiro Beto Coville, radicado há 30 anos em Portugal, e a grande atriz portuguesa Luísa Ortigoso. Coville constrói seu acovardado e João, monarca acusado pela própria mãe de usurprar seu trono e atormentado por uma mulher que o detesta, a espanhola Carlota Joaquina — magistralmente vivida no cinema no filme homônimo de Carla Camurati, que retomou o cinema brasileiro em 1995. Já Ortigoso é quem mais brilha em cena, construindo com nuances sofisticadas sua Maria I, chamada na história tanto de “a piedosa” quanto de “a louca”, como eram tratadas mulheres com opinião própria naqueles terríveis tempos. Atriz de carisma contagiante, ela coloca mais camadas nas personagens do que as que constam nos livros de história, incluindo aí um olhar antecipadamente feminista — o texto inclusive faz uma homenagem à pensadora francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), que nos ensinou que ninguém nasce mulher, torna-se. No encontro entre mãe e filho, impera atmosfera inebriante, fruto também da luz de sutilezas de Pedro Santos e da cenografia clean de Eurico Lopes, que coloca os personagens entre espelhos sobre o Altântico que separa e une Portugal e Brasil. É preciso ainda citar a música original de Davide Zaccaria e o figurino de época de Fábio Namatame. Ver O Filho da Rainha e A Mãe do Rei é compreender melhor os âmagos da nossa história, em uma interessante ponte cultural entre dois povos irmãos.

★★★★
O FILHO DA RAINHA E A MÃE DO REI
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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