Satyros recebe teatro de grupos periféricos na Praça Roosevelt

Pombas Urbanas apresenta espetáculo Florilégio no Espaço dos Satyros na Praça Roosevelt © Ricardo Avellar Divulgação Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

A Cia. de Teatro Os Satyros, fundada há 35 anos por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, recebe, entre os dias 24 de maio e 23 de junho, quatro diferentes coletivos teatrais, como parte do projeto OCUPA SATYROS. Todos os grupos são vindos das periferias paulistanas. A iniciativa convida espetáculos de grupos e artistas descentralizados a se apresentarem no Espaço dos Satyros, na Praça Franklin Roosevelt, 214, no centro paulistano, além de promover debates sobre suas formações e perspectivas de relação entre centro e periferia, com base em suas produções artísticas. A edição conta com artistas da Coletiva ProfanasPombas UrbanasZózima Trupe e Pedra Rubra. As obras abordam temas como gênero e identidade, a decolonialidade do amor, relações humanas e território, a invisibilização da mulher preta com deficiência e a violência contra a mulher ao longo dos anos. Os ingressos para os espetáculos são gratuitos e podem ser retirados na bilheteria do Espaço dos Satyros uma hora antes de cada sessão. Todas as sessões aos domingos serão seguidas de debate com cada grupo de artistas. O Blog do Arcanjo mostra a programação a seguir.

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Coletiva Profanas 

apresenta

• fRuTaS&tRaNs-GRESSÃO. Histórias para Tangerinas e Cavalas-Marinhos
Uma obra performática autoral com execução de trilha sonora ao vivo. Em “cena” temos Tangerine, a personagem dessa obra, que ao lado de sua sanfona, desbrava suas vivências e reflexões até se entender travesti, partindo de uma pergunta crucial: O cú tem gênero? A partir de um enredo ora cômico ora mais trágico, Tangerine leva o público através de uma conversa entre cadeiras que são convidadas a se posicionar – ou não-, afinal, o não posicionamento sempre foi uma posição. O necessário é reconhecer que esse corpo é favelade brasileiro e canta, mesmo que em dias desafinados. Tangerine se desnuda frenética para que aceitem seu corpo e a deixem existir. Híbrida. Desobediente. Fluída. Como cavalas-marinhos!

Ficha técnica:
Morgana Olivia Manfrin: Diretora, Criação e Performer

Kinda : Musicista e Performer

Káshi Mello e Ícaro Kai: Composição de Trilha

Raoni Soares: Design de Iluminação

Max Ruan: Assistente de Direção, Cenógrafo e Operador de Trilha

Produção: Natália Ueda


Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: 18 anos


Quando: 24 de maio, sexta-feira, às 21h; e 26 de maio, domingo, às 20h

• Ritu/2 – Sobre amor
Ritu/2 faz parte da série de Ritos, da Coletiva Profanas, inspirada na performance Ritmo 0 de Marina Abramovic. Neste trabalho o conceito de Amor é discutido de forma decolonial. Fronteiras entre o que é arte e o que é vida. Limites da pele e do corpo. As fronteiras entre os limites do gênero e os limites da ficção artística e da vida. Os limites da arquitetura viária na periferia e na zona nobre. Fronteira entre nações e culturas. Fronteira entre um país do primeiro e do terceiro mundo. E quais são as práticas de amor que poderiam ocorrer nas fronteiras? Não haverá possibilidade de separação entre Artista e obra. Tudo é valioso. Desta forma, através desta residência, o roteiro da performance será finalizado a partir de uma intensa pesquisa sobre fronteiras e descolonização dentro de uma residência internacional.

Ficha técnica: 

Atuação: Morgana Olívia Manfrim e Max Ruan

Luz: Max Ruan

Trilha: Morgana Olivia Manfrim

Produção: Natália Ueda

Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Quando: 25 de maio, sábado, às 21h (sessão seguida de debate). 

Pombas Urbanas

apresenta

• Florilégio

Espetáculo inspirado em histórias de vida de pessoas que vivem na Cidade Tiradentes e impulsionado pelo verbo “esperançar” de Paulo Freire, o espetáculo convida o público a uma viagem esperançosa em direção ao futuro e reflete sobre como a luta coletiva pode transformar a sociedade. A montagem nasceu a partir do diálogo com muitas vozes de ontem e de hoje, na busca por poetizar o cotidiano, mas também ultrapassar diversos tipos de opressões tantas vezes impostas. Desde a mais singular violência até a mais intensa solidão no vazio. Uma criação dramatúrgica que propõe refletir acerca das condições e relações humanas no território, tendo temas centrais: memória, esperança, história e o futuro dos moradores do bairro, de forma a visibilizar as dores e violências que assolam esta comunidade, mas também a força das relações comunitárias, capazes de transformar vidas realidades.


Ficha técnica: 

Direção: Vanéssia Gomes

Criação Coletiva: Grupo Pombas Urbanas

Dramaturgia: Grupo Pombas Urbanas e Vanéssia Gomes

Elenco:Paloma Natacia, Adriano Mauriz, Marcelo Palmares, Paulo Carvalho e Ricardo Big

Músicos: Rafael de Barros e Rebeca Gomes

Figurino: Juliana Naju

Cenário: Marcelo Larrea e Débora Gomes Silvério

Preparação Corporal:Cibele Mateus

Trilha Sonora: Giovani Di Ganzá

Iluminação: Fernando Alves

Produção: Andrea Mauriz

Duração: 60 minutos

Classificação: Livre

Quando: 31 de maio, sexta-feira, às 21h; 01 de junho, sábado, às 21h; e 02 de junho, domingo, às 18h (sessão seguida de debate). 

Zózima Trupe

apresenta

• A (Ré)tomada da Palavra
Ela falou. Gritou. (silêncio). Não houveram chamadas de emergência para os seus pedidos de socorro. Não lhe socorreram, lhe silenciaram. Este silêncio ensurdecedor que mora em determinados corpos é fruto da palavra não dita, da palavra não considerada. E se a mulher preta na sociedade é invisível, há uma mulher que não existe, que ninguém vê: a mulher preta com deficiência. E as dores dessa mulher, quem acolhe? E a história dessa mulher-inexistente, quem ouviu?  A (Ré)tomada da Palavra parte de infindáveis perguntas e gestos; A passageira toma o ônibus do transporte público, e o torna uma plataforma revolucionária onde emana sua voz. Um espetáculo estruturado no manifesto de uma mulher preta que retoma o ato, ação, a palavra contra o racismo, o machismo, o silenciamento e o capacitismo vivenciados socialmente pelas mulheres pretas e portadoras de deficiência.

Ficha técnica: 

Atuação: Ma Dêvi Murti
Dramaturgia: Shaira Mana Josy e Piê Souza
Curadoria: Paloma Franca Amorim
Encenação: Anderson Maurício
Músicas: Cleide Amorim
Percussão: Denis Lisboa
Videomapping: VJ SOMA
Iluminação: Junior Docini
Sonoplastia: Pedro Moura
Produção geral: Tatiane Lustoza
Assistência de produção: Brenda Rebeka
Idealização: Zózima Trupe                                                                          

Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: Livre 

Quando: 06 de junho, quinta-feira, às 21h; 08 de junho, sábado, às 21h; e 09 de junho, domingo, às 18h (sessão seguida de debate). 

Pedra Rubra

apresenta


• Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas

A peça, “Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas”, conta a história de três mulheres que vivem em décadas distintas – 1949, 1989 e 2019. Diante de um tribunal, as personagens vão vivendo suas histórias ao mesmo tempo que respondem a um julgamento, traçando questionamentos e reflexões acerca da posição da mulher na sociedade. O espetáculo retrata as opressões, os abusos e as violências que as mulheres sofrem no seu dia-a-dia através de uma linha temporal. 

Ficha técnica: 

Criação, encenação, direção e dramaturgia: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes
Elenco: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes
Voz: Bruno Trindade
Arranjo – ‘música Tranças Trançados’: Welligton Benardo e Jéssica Evangelista
Letra e música ‘Chama Romântica’: Yuri Christoforo
Figurinista: Laura Alves
Criação e operação de Luz: Rodrigo Pivetti
Cenário: Juliana Aguiar
Registro Áudio Visual: Daniel Carvalho
Produção: Coletivo Pedra Rubra
Produção executiva: Priscila Lopes

Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Quando: 21 de junho, sexta-feira, às 21h; 22 de junho, sábado, às 21h; e 23 de junho, domingo, às 18h (sessão seguida de debate).

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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