Festival de Gramado concede a Jorge Furtado o Troféu Eduardo Abelin
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
No ano em que completa 40 anos de carreira, o Festival de Gramado homenageia um dos mais representativos diretores brasileiros com o Troféu Eduardo Abelin: Jorge Furtado. O portoalegrense cruzou os caminhos da medicina, psicologia, jornalismo e artes plásticas, mas quis o destino que se tornasse um dos mais emblemáticos diretores, roteiristas e produtores do audiovisual brasileiro. Mesclando linguagens documental e ficcional, criou obras sensíveis que trazem dilemas brasileiros em uma linguagem universal, capazes de capturar sensações e perturbações de qualquer espectador.
Começou sua carreira profissional na televisão, ainda na década de 1980. Em 1987, foi um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, um dos mais importantes núcleos de produção de filmes do país, a qual integra até hoje. Nas telonas, dirigiu marcos do cinema produzido no Rio Grande do Sul e se tornou conhecido como realizador de alguns dos melhores curtas do cinema nacional, como “O dia em que Dorival encarou a guarda” (1986), “Barbosa” (1988) e, principalmente, “Ilha das Flores” (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim. A Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Abraccine, classificou o simbólico filme como o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos.
Com a virada do milênio, estreia como diretor de longas-metragens em “Houve uma vez dois verões” (2002). Com seu segundo longa, “O Homem que Copiava”, chega ao grande público, levando mais de 600 mil espectadores aos cinemas. Por esse, recebeu diversos prêmios, incluindo o de melhor filme nacional no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2003. Furtado marcou carreira com a direção de longas e programas especiais na televisão, que abriram novos caminhos e discussões em torno do audiovisual brasileiro.
Para Rosa Helena Volk, Presidente da Gramadotur, autarquia municipal responsável pelos eventos da cidade, a homenagem reforça a potência do cinema gaúcho. “Jorge é um patrimônio do cinema brasileiro e, mais do que isso, um realizador que amadureceu seu trabalho em Gramado. Hoje podemos comemorar os quarenta anos de carreira de um dos maiores nomes do nosso cinema com essa homenagem durante o festival”, diz.
A homenagem será entregue no dia 16 de agosto, durante a programação do 52º Festival de Cinema de Gramado, que ocorre entre os dias 09 e 17.
Homenagem será sucedida de premiére mundial
Após a entrega do troféu Eduardo Abelin a Jorge Furtado, a programação do Festival de Gramado contará com a premiére mundial da nova produção da Casa de Cinema de Porto Alegre em coprodução com a Globo Filmes, em exibição hors concours. Virginia e Adelaide tem roteiro assinado por Jorge Furtado, que divide a direção com Yasmin Thayná.
O longa-metragem narra, parte em linguagem ficcional e outra parte documental, o encontro entre duas mulheres emblemáticas: Virgínia Leone Bicudo e Adelaide Koch. Virgínia foi a primeira pessoa a fazer psicanálise e a primeira psicanalista formada no Brasil, além de uma das primeiras professoras universitárias negras. Adelaide, mulher judia e psicanalista formada por um discípulo direto de Freud, veio para o Brasil em fuga do regime nazista na Alemanha. As duas se conheceram em agosto de 1937, em São Paulo, e, juntas, revolucionaram os estudos da psicanálise, abrindo espaço para as que vieram depois.
O elenco é composto pelas atrizes Gabriela Correa e Sophie Charlotte. O filme conta com produção de Nora Goulart, direção de fotografia de Lívia Pasqual, direção de arte de Vanessa Rodrigues e Richard Tavares, montagem de Giba Assis Brasil e distribuição da H2O Filmes.
Para referência: O Troféu Eduardo Abelin é uma homenagem concedida a diretores, cineastas e entidades de cinema pelo trabalho feito em benefício do cinema brasileiro. A honraria leva o nome de um dos pioneiros do cinema gaúcho, o diretor Eduardo Abelin. O cineasta Carlos Reichenbach foi o primeiro a receber a honraria, em 2001. Juntam-se a ele nomes como Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Carla Camurati e Laís Bodanzky.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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