★★★★ Crítica: Julius Caesar – Vidas Paralelas tece poética com bastidores e utopia do teatro de grupo
Peça celebra 35 anos da premiada Cia dos Atores, do Rio de Janeiro
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
JULIUS CAESAR – VIDAS PARALELAS
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
O teatro de grupo é a concretização de uma utopia, de um sonho conjunto. Um dos principais grupos de teatro do Rio de Janeiro, a Cia. dos Atores celebra seus 35 anos de trajetória com a peça Julius Caesar – Vidas Paralelas, que estreou no fim de semana sob fortes aplausos no Teatro Anchieta do Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245), em São Paulo, onde cumpre temporada até 14 de julho de 2024. As sessões são quintas, sextas, sábados, 20h, domingo, 18h. Na obra com dramaturgia e direção de Gustavo Gasparani e direção de produção de Claudia Marques, os seis atores visitam a tragédia política escrita por William Shakespeare em 1599 sobre o imperador romano que foi traído por quem lhe rodeava, fazendo um paralelo entre a macropolítica romana e a micropolítica dos indivíduos, sobretudo os de um grupo teatral. Com elementos do teatro pós-dramático e metalinguagem, a trama se passa no ensaio do célebre texto pelo próprio conjunto de artistas. No longo e difícil processo criativo eclodem rivalidades, mágoas por egos feridos e até mesmo disputas internas por personagens. A força da televisão, com suas novelas de salário e fama irrecusáveis, também está à espreita desses seres de teatro, uma arte tão frágil e efêmera, muitas vezes insatisfeitos diante do pouco retorno apesar de tanto investimento em amplos aspectos. Estão no elenco Cesar Augusto e Gustavo Gasparani, dois remanescentes do time fundador da Cia dos Atores, Isio Ghelman, Gabriel Manita, Suzana Nascimento e Tiago Herz. O espetáculo mistura cena, bastidores e a própria vida para tecer uma ode poética às idiossincrasias de uma companhia teatral. Afinal, trata-se de um espaço utópico no qual artistas convivem e compartilham decisões por um longo período de tempo, lugar de negociação constante, tal qual um casamento. E isso é tarefa nada fácil e que deixa cicatrizes cada vez mais profundas. De tal modo, Julius Caesar – Vidas Paralelas é uma bela e honesta homenagem não só à Cia. dos Atores quanto ao próprio movimento de teatro de grupo brasileiro. A mesma utopia que fere também glorifica.
★★★★
JULIUS CAESAR – VIDAS PARALELAS
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Blog do Arcanjo mostra bastidores da estreia de Julius Caesar – Vidas Paralelas no Sesc Consolação com a Cia. dos Atores
Blog do Arcanjo mostra quem aplaudiu Julius Caesar – Vidas Paralelas no Sesc Consolação com a Cia. dos Atores
Julius Caesar – Vidas Paralelas
Ficha Técnica
Dramaturgia e direção: Gustavo Gasparani
Tradução: José Francisco Botelho
Elenco: Cesar Augusto, Gabriel Manita, Gustavo Gasparani, Isio Ghelman, Suzana Nascimento e Tiago Herz.
Direção de produção: Claudia Marques – Fábrica de Eventos
Cenografia: Beli Araújo
Figurinos: Marcelo Olinto
Iluminação: Ana Luzia De Simoni
Projeções e Vídeos: Batman Zavareze
Direção musical e trilha sonora composta: Gabriel Manita
Assistente de direção: Menelick de Carvalho
Assessoria de Imprensa: Beth Gallo e Thais Peres
Apoio de Mídia: Canal Teatro MF
Redes Sociais: Rafael Teixeira
Design Gráfico: Felipe Braga
Produção Local SP: Pedro de Freitas / Périplo
CIA. DOS ATORES
Formada pelos atores Cesar Augusto, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle, Susana Ribeiro e Bel Garcia (in memorian), a Cia. dos Atores (@ciadosatores) comemora 35 anos de atividade ininterrupta em 2023, se tornando um dos grupos de maior tempo de trabalho no Rio de Janeiro. Já recebeu os principais prêmios do teatro brasileiro. Seu repertório inclui mais de uma dezena de espetáculos, entre eles, “Melodrama”, “A Morta”, “O Rei da Vela”, “A Bao A Qu (Um Lance de Dados)” e “Conselho de Classe”, primeira parceria com Jô Bilac. Em 2018, estrearam “Insetos”, espetáculo que marcou os 30 anos de criação da companhia. Em 2020, a Cia. dos Atores lançou um novo canal do grupo no YouTube (youtube.com/ciadosatores). Mantendo sempre o mesmo núcleo de atores, esse grupo carioca, além de ter representado em festivais nacionais e internacionais, foi responsável pela direção artística de dois teatros da rede municipal da prefeitura do Rio de Janeiro: Teatro Ziembinski e Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. Localizada na escadaria do Selarón, na Lapa, a sede da Cia. dos Atores (@sedeciadosatores) foi inaugurada em 2006. De lá para cá, a companhia já promoveu ali uma série de atividades: ensaios, treinamentos, mostras de dramaturgia contemporânea, apresentações, oficinas gratuitas e parcerias institucionais.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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