★★★★ Crítica: Mãe e Filho constrói duelo gélido em peça do Prêmio Nobel Jon Fosse

Tiago Martelli e Vera Zimmermann travam embate gélido na peça Mãe e Filho, do Prêmio Nobel Jon Fosse, no Sesc Ipiranga © Edson Lopes Jr. Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
MÃE E FILHO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

A crucial relação entre mãe e filho é um dos pontos mais sensíveis da humanidade e costuma ser farto material no campo das artes. Afinal, é partir deste encontro repleto de dependência afetiva mútua que os futuros se moldam, inevitavelmente. Esta delicada troca e suas consequências são alvo da atenção do escritor norueguês Jon Fosse, vencedor do Prêmio Nobel, em Mãe e Filho, peça que adapta sua obra para os palcos de São Paulo no Sesc Ipiranga, sob direção de Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim. A tradução do original norueguês é de Guilherme da Silva Braga. A sofisticada obra traz os atores Vera Zimmermann e Tiago Martelli, idealizador do projeto, na pele da progenitora e de seu rebento, sob produção da Mosaico Produções, do diretor de produção Cícero de Andrade com produção executiva de Gabriela Morato. Este retorna ao lar em Oslo, capital da Noruega, após muitos anos fora, para o que poderia ser um acerto de contas. Contudo, a literatura de Fosse deixa no silêncio muito de seus significados. Assim, enquanto a mãe é de uma verborragia constante, o filho apenas assente com monossílabos, o que evidencia sua longeva opressão nessa conturbada relação. Uma frieza nórdica se impõe por todos os cantos, seja na cenografia branca de Bia Junqueira, na iluminação fria de Aline Santini, no figurino clean de Manauara Clandestina ou na trilha ensonada de Rafael Thomazini. Tal aspecto glacial evidencia uma relação tortuosa que machuca a ambos — não à toa, a obra faz referência ao clássico O Zoológico de Vidro, de Tennessee Williams, que também toca a temática. Infelizmente, os personagens não conseguem desvencilhar-se deste amor glacial, prorrogando ausências e silêncios de uma gélida relação.

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MÃE E FILHO
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

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Mãe e Filho

Ficha Técnica
Texto: Jon Fosse
Tradução do norueguês: Guilherme da Silva Braga
Direção: Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim
Elenco: Vera Zimmermann e Tiago Martelli
Cenografia: Bia Junqueira
Assistente de Cenografia: Millena Cabral
Desenho de Luz: Aline Santini
Assistente de iluminação: Sibila
Assistente de iluminação: Paloma Dantas
Figurino: Manauara Clandestina
Assistente de figurino: Fëdra
Trilha sonora original: Rafael Thomazini
Design de som: Rafael Thomazini
Preparação Corporal: Fabrício Licursi
Cenotécnica: Katiana Aleixo
Diretora de palco: Millena Cabral
Contrarregra: Uriel Machado Barbosa
Fotografia, Design e Vídeo: João Pacca – OPACCA
Identidade Visual: Tiago Martelli e João Pacca
Operadora de Luz: Paloma Dantas
Operador de Som: Rafael Thomazini e Vinicius Scorza
Filmagem: Libre Audiovisual
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro – Ofício das Letras
Assessoria contábil: Tuty e Lyla
Assessoria jurídica: Thiago Oliveira
Idealização: Tiago Martelli
Direção de Produção: Cicero de Andrade – Mosaico Produções
Produção Executiva: Gabriela Morato

Serviço

Quando: 6/7 a 11/8/2024, sextas e sábados, às 20h, domingos e feriados (09/07), às 18h. Obs. em 2/8, sexta, 20h, sessão com intérprete de Libras
Onde: Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga – São Paulo SP
Classificação: 12 anos
Duração: 60 minutos
Quanto: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia) e R$ 15 (credencial plena do Sesc)
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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