Melanina Acentuada Festival tem narrativas negras em Salvador sob comando de Aldri Anunciação
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Salvador da Bahia abriga um dos mais importantes festivais com foco em narrativas negras do Brasil. É o Melanina Acentuada Festival, criado por Aldri Anunciação, que retorna para sua sexta edição entre os dias 23 e 28 de julho. Durante seis dias, a capital baiana será o foco de uma celebração de narrativas negras, fazendo o teatro dialogar com o cinema, a literatura e as redes sociais.
Idealizado pelo autor, ator, diretor e produtor Aldri Anunciação, autor da lendária peça Namíbia Não, que deu origem ao filme Medida Provisória, de Lázaro Ramos, do qual foi roteirista, o festival teve a primeira edição em 2012. Desde então, é espaço que promove e valoriza histórias afro-descendentes, tendo apresentado mais de 40 espetáculos desde sua estreia no histórico Teatro de Arena, em São Paulo.
Este ano as atividades ocorrem em locais emblemáticos de Salvador, como o Goethe-Institut Salvador, Teatro da Aliança Francesa, Teatro Martins Gonçalves e Casa Rosa, consolidando a cidade como um importante centro de resistência e celebração cultural.
Narrativas transmídia
Nesta edição o festival explora a “Qualidade Transmídia das Narrativas Negras”, ao destacar como essas histórias se movem com fluidez entre diferentes formas de arte, a exemplo das narrativas negras, que com sua potência multilinguagem, encontram novas expressões e audiências através do cinema, teatro, literatura e redes sociais. Essa transmídia não só permite a adaptação das histórias a diferentes formatos, mas também enriquece o tecido cultural com novas poéticas.
A fluidez de tais narrativas, que se ajustam a qualquer linguagem artística, revela uma potência que promove a inovação e a renovação das formas de contar histórias. Elas ocupam diferentes espaços midiáticos e trazem à tona novas vozes e experiências que ampliam o escopo da produção artística contemporânea. Diante disso, o festival questiona e celebra essa versatilidade, perguntando “De onde vem a força dessas narrativas?” e “Como o aspecto multimodal das histórias negras promove novas poéticas?”.
As respostas podem ser encontradas na programação deste ano, repleta de atividades que abrangem apresentações de espetáculos, mesas redondas, oficinas criativas, consultorias dramatúrgicas, leituras dramáticas, entrevistas públicas e compartilhamentos de processos criativos.
Peças negras
Entre os espetáculos destacados estão “MACACOS”, de Clayton Nascimento, que oferece uma reflexão poética sobre o racismo no Brasil, e a adaptação teatral de “Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, que abrirá o festival. Outros destaques incluem “Namíbia, não”, de Aldri Anunciação; “Desfazenda”, do grupo O Bonde; “Desmontando a Casa”, de Mariana Freire; “Mais Prá Lá do Que Pra Cá”, de Fernando Santana; e a estreia nacional da Cia de Teatro da UFBA com “O Pregador – Teatro-Fórum Antirracista”.
E mais, quatro ateliês de ideias proporcionarão discussões profundas sobre a poética das narrativas negras, explorando temas como a expressão artística da dor, a intersecção entre teatro, cinema e literatura, e o papel das artes visuais no teatro negro contemporâneo.
Nomes de peso
O encontro contará também com a presença de personalidades influentes, como Miguel Arcânjo Prado (SP), Rodrigo França (RJ), Mônica Santana (BA), Fernanda Felisberto (RJ), Diego Araúja (BA), Tom Faria (RJ), Joelzito Araújo (RJ), Licko Thurle (RJ) e Fábio Santana do Bando de Teatro Olodum que participarão das discussões, mediadas por Alexandra Dumas e Aldri Anunciação.
Além disso, jovens autores negros terão a oportunidade de aprimorar suas habilidades na escrita ficcional através de consultorias dramatúrgicas, enquanto oficinas criativas oferecerão insights valiosos sobre os processos de criação de narrativas negras. O evento contará ainda com entrevistas públicas e compartilhamentos de processos criativos, para proporcionar ao público uma imersão profunda nas ricas poéticas negras.
Para garantir a inclusão de todos(as), os espetáculos contarão com tradução em Libras. Uma novidade desta edição é o Café Melanina, um espaço matinal no pátio do Instituto Goethe, onde participantes e público poderão se encontrar informalmente para discutir colaborações artísticas futuras e compartilhar experiências.
Todas as atividades do Melanina Acentuada Festival são gratuitas, exceto os espetáculos, que possuem um valor simbólico de R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). Os ingressos para os espetáculos poderão ser adquiridos através do Sympla. Mais informações: @melaninaacentuadafestival
O Melanina Acentuada Festiva – Ano 6 é um projeto apresentado pelo Ministério da Cultura e Novelis, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura e com patrocínio da Bayer. Realização Melanina Acentuada Produções e Ministério da Cultura e GOVERNO FEDERAL União e Reconstrução.
Confira a programação completa: https://melaninaacentuada.com.br/festival/
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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