★★ Crítica: Ayni – Trilogía de los Días Sin Tiempo tem cultura andina como destaque, mas derrapa na técnica
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★
AYNI – TRILOGÍA DE LOS DÍAS SIN TIEMPO
Avaliação: Regular
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
O espetáculo colombiano Ainy – Trilogía de los Días Sin Tiempo, da Fundación Cultural Ojo (Tunja – Boyacá), gerou bastante expectativa na programaçãod o FIT Rio Preto 2024. Primeiro, porque é um dos quatro espetáculos internacionais na programação, já que ver peças de outros países é oportunidade rara no interior. Segundo, porque tem a premissa de dialogar com a cultura andina dos povos orginários sul-americanos e tecer uma crítica ao colonialismo que tanto nos dizimou. O interesse do público rio-pretense na obra era evidente pela enorme fila que se formou em frente ao Teatro Municipal Paulo Moura, em São José do Rio Preto na noite desta terça, 23 de julho de 2024. A obra narra a vida de uma moça de origem andina que desce das montanhas para trabalhar na cidade grande. Como é jovem e bonita, Pacha acaba sendo alvo de investidas de abuso por parte do patrão, que a estupra e mata, além de esquartejar seu corpo. Sua alma vai para Uku Pacha, o mundo dos mortos andino, de onde deseja retornar ao mundo dos vivo, Kay Pacha, para poder contar à mãe a desgraça que lhe abateu. Basicamente, o espetáculo narra essa busca de sua alma penada até chegar ao Carnaval, onde se abre o portal de comunicação entre os dois planos. O espetáculo tem seu ponto forte neste diálogo cultural ancestral, aproximando do público a cultura andina e sua cosmovisão, bem como o debate que levante sobre a violência de gênero, um mal tão nefasto na América Latina. Este mérito é incontestável. Contudo, apesar dessa potência em sua gênese e o destaque para os figurinos culturais exuberantes, a montagem demonstra uma certa precariedade em sua execução, com falhas técnicas de som e de iluminação que foram perceptíveis ao público, bem como coreografias que evidenciavam a falta de ensaio dos atores. Assim, mesmo com toda a torcida a favor, inclusive deste crítico, o espetáculo pareceu por demais rudimentar para um festival que já teve a tradição de obras de excelência, pelo menos em seus principais palcos. O público que lotou o Teatro Municipal Nelson Castro esperava mais. Esse costuma ser o problema quando se gera tanta expectativa.
★★
AYNI – TRILOGÍA DE LOS DÍAS SIN TIEMPO
Avaliação: Regular
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Espetáculo visto em 23 de julho de 2024 no Teatro Municipal Paulo Moura, em São José do Rio Preto, São Paulo, no 55º FIT Rio Preto
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do FIT Rio Preto.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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