★★★★ Crítica: Clara Nunes – A Tal Guerreira hipnotiza com brasilidade exuberante, Vanessa da Mata e elenco vigoroso

Clara Nunes – A Tal Guerreira tem o talento de Vanessa da Mata e elenco vigoroso para contar vida e obra de Clara Nunes na visão do diretor Jorge Farjalla © Rafa Marques Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★
CLARA NUNES – A TAL GUERREIRA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Clara Nunes – A Tal Guerreira é um musical essencialmente brasileiro, que entende nossa potência e faz arrepiar o público com um time que exala talento. A obra traz a visão onírica do diretor Jorge Farjalla — também autor da dramaturgia com André Magalhães — para a vida e obra da grande cantora mineira Clara Nunes (1942-1983). No país desmemoriado, é preciso recordar: Clara Nunes foi uma das vozes mais emblemáticas da música popular brasileira e legitimou, na década de 1970 e começo dos anos 1980, o samba e as religiões afro-brasileiras, temas constantes de seu belo canto e, infelizmente, alvos de preconceito e de perseguição. A lendária cantora nascida em Minas Gerais e que fez carreira no Rio de Janeiro morreu no auge, aos 40 anos, vítima de um choque anafilático em uma cirurgia de varizes, o que comoveu seus fãs — seu velório, da quadra da Portela, reuniu mais de 50 mil pessoas. Ela é interpretada em entrega perceptível pela sempre afinada cantora mato-grossense Vanessa da Mata, idealizadora do projeto e que faz uma bela estreia no teatro musical, com Badu Morais de alternante. Com Èsù por perto, vivido com maestria pelo enérgico ator carioca Reynaldo Machado, o musical coloca Clara no Orum, o céu da mitologia iorubá, ainda sem entender sua morte repentina. Na passagem, ela é regida por seus orixás de cabeça, Iansã, incorporada na pele e na alma da exímia atriz, bailarina e cantora baiana Leilane Teles, e Ogum, interpretado com garra e todas as forças sonoras pelo ator e músico paulistano Gui Leal. Os orixás ainda contam com uma preciosa ajuda: a da diretora e atriz Bibi Ferreira, dona de raro rigor, defendida com verossimilhança por Carol Costa, uma das mais talentosas atrizes de nossos palcos, nesta personagem que é homenagem genuína ao nosso teatro musical. O musical sincrético tem elenco vigoroso, repleto de astros e estrelas dos palcos, passando pelos premiados Renan Mattos, André Torquato, Guilherme Gila e Bel Lima. Ainda estão em cena Caio, Anaza Macedo, Fabio Enriquez, Paulo Viel, Jessé Scarpellini, Vitor Vieira, Edmundo Vitor, Preta Ferreira, Larissa Grajauskas, Flavio Pacato, Jade Ito, Elix, Jesus Jadh, Silvia Lys, Thiago Brisolla, Daniel Warschauer, Abner Paul, Carlos Augusto e Pedro Macedo. É preciso ressaltar a potência do time criativo, desde a virtuosa direção musical de Fernanda Maia, navegando por ritmos que vão do congado mineiro ao samba, a direção coreográfica criativa e com profundo estudo dos movimentos das religiões afro-brasileiras de Gabriel Malo e a luz precisa de Cesar Pivetti em diálogo com a cenografia predominantemente branca de Marco Lima, bem como os figurinos de Luiz Claudio Silva e Jorge Farjalla, que deixam qualquer ialorixá orgulhosa. A superprodução da Palco 7 Produções, de Marco Griesi, e Solo Entretenimento, de Daniella Griesi, é apresentada pelo Ministério da Cultura e Petrobras, via Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Oncoclínicas e apoio da Faculdade São Leopoldo Mandic. Com tantos talentos reunidos em altas doses de representatividade, Clara Nunes – A Tal Guerreira atesta a fonte farta da cultura brasileira como baluarte para nosso teatro musical. Certamente, lá no Orum, coberta com o manto azul e branco da Portela, Clara Nunes deve estar serena e satisfeita.

★★★
CLARA NUNES – A TAL GUERREIRA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

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CLARA NUNES – A TAL GUERREIRA

Temporada: de 02 de agosto a 29 de setembro de 2024
Horários: sextas às 21h, sábados às 17h e 21h, domingos às 16h e 20h
Duração: 120 minutos
Local: Teatro Bravos – Rua Coropé, 88 – Pinheiros, São Paulo, SP (metrô Faria Lima)
Classificação: 12 anos
Observação: Vanessa da Mata não fará as sessões dos dias 10, 16 e 24 de agosto. Dia 30 de agosto não haverá sessão.
PREÇOS/SETORES
PLATEIA PREMIUM: R$ 150,00 meia entrada e R$ 300,00 inteira
PLATEIA INFERIOR: R$ 125,00 meia entrada e R$ 250,00 inteira
MEZANINO: R$ 75,00 meia entrada e R$ 150,00 inteira

Blog do Arcanjo mostra quem aplaudiu Clara Nunes – A Tal Guerreira no Teatro Bravos

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CLARA NUNES – A TAL GUERREIRA

EQUIPE CRIATIVA COMPLETA

Idealização: Vanessa da Mata
Argumento, direção e encenação: Jorge Farjalla
Texto: André Magalhães e Jorge Farjalla
Direção Musical: Fernanda Maia
Direção Coreográfica: Gabriel Malo
Cenografia: Marco Lima
Figurino: Luiz Claudio Silva e Jorge Farjalla
Desenho de luz: César Pivetti
Desenho de som: Bruno Pinho
Preparador Vocal e Ass. Dir. Musical: Rafa Miranda
Visagismo: Simone Momo
Diretor de Arte: Kelson Spalato
Fotografia: Priscila Prade
Diretora Residente: Dani Calicchio
Produção: Daniella Griesi e Marco Griesi
Produtor Associado: Felipe Heráclito Lima
Realização: Palco 7 Produções, Solo Entretenimento e Sevenx Produções

ELENCO

Vanessa da Mata – Clara Nunes
Badu Morais – Clara Nunes Alternante
André Torquato – Aurino
Carol Costa – Bibi Ferreira
Bel Lima – Cover Bibi Ferreira/Ensemble
Renan Mattos – Poeta
Caio – Adelzon
Gui Leal – Ogum
Reynaldo Machado – Èsù
Ananza Macedo – Nanã
Leilane Telles – Iansã
Fabio Enriquez – Mané Serrador
Paulo Viel – José/Músico/Violino
Jessé Scarpellini – Ensemble/Cover Aurino/Adelzon
Vitor Vieira – Ensemble/Cover Poeta
Edmundo Vitor – Ensemble/Cover Èsù/Ogum
Preta Ferreira – Ensemble/Cover Nanã
Larissa Grajauskas – Ensemble/Cover Iansã
Flavio Pacato – Ensemble
Jade Ito – Ensemble
Elix – Ensemble
Jesus Jadh – Ensemble
Guilherme Gila – Ensemble/ Músico/Piano, Percussão, Cavaco, Violão
Silvia Lys – Ensemble/ Músico/Percussão
Thiago Brisolla – Ensemble/ Músico/Violino, Viola, Viola Caipira, Bandolim, Cavaco
Daniel Warschauer Ensemble/ Músico/Sanfona
Abner Paul – Músico/Bateria
Carlos Augusto – Músico/Violão, Violão 7 Cordas
Pedro Macedo – Músico/ Baixo Elétrico

Sobre Clara Nunes

Clara Nunes, nome artístico de Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, nascida em Paraopeba, Minas Ferais em 12 de agosto de 1942, foi uma cantora e compositora brasileira, considerada uma das maiores e melhores intérpretes do país. Pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos e de seu folclore, também viajou para muitos países representando a cultura do Brasil. Conhecedora das músicas, danças e das tradições africanas, ela se converteu à umbanda e levou a cultura afro-brasileira para suas canções e vestimentas. Foi uma das cantoras que mais gravaram canções dos compositores da Portela, sua escola de samba do coração. Também foi a primeira cantora brasileira a vender mais de cem mil discos, derrubando um tabu de que “mulheres não vendiam discos”. Ao longo de toda a sua carreira, vendeu quatro milhões e quatrocentos mil discos. Foi considerada pela revista Rolling Stone como a nona maior voz brasileira e, pela mesma revista, quinquagésima primeira maior artista brasileira de todos os tempos.

Sobre Vanessa da Mata

Nasceu em 1976 no Mato Grosso. Em 1993 mudou-se para São Paulo. Em 1997 conheceu o cantor e compositor Chico César, com quem passou a compor. Teve canções gravadas por Bethânia e Caetano. Aos 21 anos, concorreu ao Grammy Latino como melhor música. O início efetivo da carreira solo aconteceu em 2002. Após destacadas participações em shows de Milton Nascimento, Maria Bethânia e de Baden Powell, lançou o primeiro álbum de estúdio, “Vanessa da Mata”. Em 2004 lançou “Essa Boneca Tem Manual”, que trouxe o mega hit “Ai ai ai…”. Em 2006, “Ai ai ai…” tornou-se a música nacional mais executada nas rádios. “Essa Boneca Tem Manual” rendeu-lhe um Disco de Platina e a conquista do Prêmio Multishow de Melhor Música com “Ai, Ai, Ai”. O terceiro álbum chegou ao mercado em 2007. “Sim” teve a participação do astro americano Ben Harper, com quem dividiu os vocais na canção “Boa Sorte/Good Luck”, sucesso absoluto nas rádios. A artista ganhou o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro com “Sim”. Em 2009, lançou o CD/DVD “Multishow ao Vivo Vanessa da Mata”. Em 2013, participou do projeto “Viva Tom Jobim”. Estrelou seis shows gratuitos em seis capitais brasileiras (150 mil pessoas em São Paulo e 120 mil no Rio de Janeiro). Em julho, “Vanessa da Mata canta Tom Jobim” tornou-se seu quinto álbum de estúdio. “Segue o Som” foi o sexto álbum de estúdio, lançado em 2014. Em 2019, aventurou-se como produtora musical em “Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina”, sétimo álbum de estúdio. Para celebrar seu sucesso, lançou o projeto “Nossos Beijos Ao Vivo No Circo Voador”, gravado no Rio de Janeiro, em 2020. Em 2022, Ivete Sangalo e Vanessa da Mata juntaram-se em “Tudo Bateu”, canção que faz parte do projeto Onda Boa. Encerrou 2022 com o primeiro single de seu próximo álbum, “Vem Doce”. “Vem Doce” trouxe 13 faixas inéditas. O sétimo álbum de inéditas incluiu parcerias com João Gomes, Marcelo Camelo e Ana Carolina. Em setembro de 2023, “Vem Doce” foi indicado ao Latin GRAMMY na categoria Melhor álbum de música popular brasileira.

Sobre Jorge Farjalla

É graduado em Licenciatura em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia – MG. Lecionou na mesma Universidade, Interpretação e Encenação. Criador da Cia. Guerreiro, sua pesquisa em teatro é ligada ao universo de Antonin Artaud, Bertolt Brecht e Constantin Stanislaviski, tendo como ápice suas montagens sobre as obras míticas de Nelson Rodrigues: “Álbum de Família”, “Anjo Negro”, “Senhora dos Afogados”, “Dorotéia” e o recente “O Mistério de Irma Vap”.Em 2007 no Rio de Janeiro, idealizou a Escola de Teatro da sua Cia. e inaugurou em 2010, onde ofereceu oficinas e cursos de Teatro, Cinema e TV. Dirigiu e atuou no projeto sobre a obra de Dante Alighieri: “A Divina Comédia”. Encenou “Dante ́s Inferno” e “Dante ́s Purgatório”. O primeiro revigorou o Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas em Sta. Tereza, credenciando o teatro do parque no circuito comercial na cidade do Rio. Trouxe, junto com a atriz Itala Nandi, o roteiro do filme de André Faria, “Prata Palomares” para a cena teatral carioca: “Paraíso AGORA! ou Prata Palomares”. Seus últimos trabalhos no teatro foram: “Dorotéia” com Rosamaria Murtinho e Leticia Spiller, “Senhora dos Afogados” com Alexia Dechamps e Rafael Vitti, “Vou Deixar de Ser Alegre, Por Medo de Ficar Triste” com Paula Bulamarqui, “Alice e Gustavo” com Carol Loback e Marcos Nauer e a nova versão do clássico “O Mistério de Irma Vap”com Luis Miranda e Mateus Solano.

Sobre Marco Griesi

Produtor cultural com mais de 17 anos no mercado. Idealizador da Palco 7 Produções, com expertise no ramo cultural com foco em produções, gestão, curadoria, patrocínios e equipamentos culturais. Como diretor de produção realizou diversas produções, dentre elas: “O Mistério de Irma Vap”, com direção de Jorge Farjalla com Luis Miranda e Mateus Solano, “Bárbara!” com Marisa Orth com direção de Bruno Guida, “Brilho Eterno” com Tainá Müller e Reynaldo Gianecchini, ”7 x Pecado – Broadway In Concert”, “Once – Musical” com Lucas Lima e Bruna Guerin, direção de Zé Henrique de Paula e “Kiss Me, Kate! O Beijo da Megera com Miguel Falabella, Alessandra Verney e Fafy Siqueira.

Sobre Daniella Griesi

Há 12 anos dedica-se ao mundo da produção teatral e musical, curadoria e gestão de equipamentos culturais. Ao longo da carreira cultural, envolveu-se em variados segmentos artísticos e organizou exposições memoráveis, como “Shakespeare – Retratos de uma Festa Luminosa”, “Teatro por João Caldas” e “Heróis Urbanos de Katia Arantes”. Em sua jornada como produtora teatral, participou de projetos inovadores, como “Deus É Um DJ”, dirigido por Marcelo Paiva e estrelado por Marcos D’amigo e Guta Ruiz, “Coisa de Louco” e Myrna Sou Eu”, ambos dirigidos por Elias Andreato, com atuação de Nilton Bicudo, dentre outros. Após a pandemia produziu espetáculos que ser destacaram na mídia e foram sucesso de público. “Brilho Eterno”, espetáculo teatral baseado no aclamado filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, de Charlie Kaufman. Com direção de Jorge Farjalla, a peça conta com um elenco estrelar, incluindo nomes como Reynaldo Gianecchini e Tainá Müller. “Barbara”, com Marisa Orth no papel principal, é um espetáculo teatral livremente inspirado no livro “A Saideira” de Barbara Gancia, com direção de Bruno Guida. “Once”, produzido no início de 2023 é um espetáculo teatral premiado que estreou na Broadway em 2012 e conquistou 8 prêmios Tony Awards, incluindo Melhor Musical e Melhor Roteiro. A versão brasileira inédita, dirigida por José Henrique de Paula, apresenta em destaque Lucas Lima e Bruna Guerin.

Sobre Felipe Heráclito Lima

Especializado na idealização de projetos culturais, diretor da Sevenx Produções Artísticas e da F&F Film Productions, Felipe Heráclito Lima é ator formado pela CAL e publicitário pela PUC-RJ. Começou a produzir em 2011, com o espetáculo “R&J”de Shakespeare – Joe Calarco e, desde então, produziu 12 espetáculos, entre eles “Lá Dentro Tem Coisa” – Adriana Falcão, em 2017, “Dogville” – Lars Von Trier, em 2018, “As Brasas”- Sandor Marái, em 2018, “Fim de Caso” – Graham Greene, em 2019, “Ficções”- Rodrigo Portella, em 2022 e “Kafka e A Boneca Viajante” – Rafael Primot, em 2023.

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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