Gabriella Marinho abre exposição Argila-Griô no Sesc Pompeia, sua primeira individual em São Paulo
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Um diálogo artístico com o barro em criações que evocam ancestralidade. O Sesc Pompeia abre nesta terça, 13 de agosto a mostra Ofício: Barro: Gabriella Marinho – Argila-Griô, que pode ser visitada de graça até 8 dezembro de 2024. São 25 trabalhos, cerca de metade deles inéditos, criados a partir de 201, pela artista visual, educadora e pesquisadora fluminense que, em suas esculturas e instalações, reflete sobre corporeidade e subjetividade, explorando tanto as relações entre as peças e o espaço, quanto a plasticidade pictórica que a pintura oferece sobre esse material.
Desde sua criação em 2019, o projeto Ofício, desenvolvido no Galpão das Oficinas de Criatividade do Sesc Pompeia, tem se destacado como um espaço inovador para a exploração e valorização de diversas formas de expressão artística. A edição de 2024, intitulada Ofício: Barro, celebra a argila como um material fundamental na criação de utensílios e obras de arte que moldaram culturas milenares, desde a Mesopotâmia até o Egito Antigo. A modelagem do barro não só preserva tradições ancestrais, mas também se revela uma poderosa ferramenta para expressar reflexões e sensibilidades contemporâneas.
Gabriella Marinho, com sua participação no projeto Ofício, destaca a importância da arte em argila não apenas como forma de expressão, mas também como meio educativo e transformador. Primeira individual da artista fluminense em São Paulo, Argila-Griô demonstra como a argila pode ser utilizada para revisitar e reinterpretar narrativas, oferecendo novas perspectivas sobre questões de identidade e memória.
No espaço expográfico de Ofício: Barro: Argila-Griô, Gabriella Marinho e a curadora, Renata Felinto, estabelecem cinco eixos temáticos: Território; Corpo; Ritual; Memória; e Transformação. Reunindo pinturas, esculturas, mosaicos, fotografias e uma videoperformance, o conjunto de obras expostas, que envolve técnicas mistas como artes gráficas, tapeçaria, cerâmica, gravura, maquetes e marcenarias, é composto de trabalhos individuais e representativos de séries como Caminhos, Maré Mexida, Pedras, Declive, Cobogó, Porcelana e Acordelar. Dentre as obras que serão apresentadas na mostra, uma delas será desenvolvida em colaboração com a artista e a equipe de Ação Educativa da exposição.
A exposição conta com ações educativas. Para acompanhar a programação, acesse: sescsp.org.br/programacao/ofício-barro-gabriella-marinho-argila-grio/
Conexão ancestral
Gabriella Marinho, nascida em 1993 no Jardim Catarina, São Gonçalo, Rio de Janeiro, teve mulheres negras como referência na sua vida e introdução à arte. Formada em Comunicação – Jornalismo, com especialização em Literaturas Afrikanas, ela revisita a história por meio da argila. Sua inspiração vem da obra Luuanda, de José Luandino Vieira, escritor português radicado em Angola. Luuanda explora a realidade dos musseques, os bairros periféricos de Luanda, cujo nome em kimbundu significa “terra vermelha”. Esses bairros são reflexo da complexa realidade social da capital angolana, enfrentando um lento processo de urbanização pós-guerra civil que durou de 1975 a 2002.
“O cenário do desenrolar das histórias fabuladas por José Luandino Vieira – a partir dos musseques, do cotidiano dessas coletividades que embora tenham seus enfrentamentos em relação aos acessos básicos, convivem esperançosas de melhorias vindouras – contribuiu na recondução de projetos de vida de Gabriella Marinho”, destaca a curadora, Renata Felinto. “Memórias do trabalho de modelagem com as mãos, que realizava junto de sua mãe, tia e vó – não com o barro, porém com o biscuit, uma espécie de massa conhecida como porcelana fria – também são tributárias das reflexões e redefinições que se deram tendo essa leitura como um marco divisor”, conclui.
Gabriella Marinho
Ao longo de sua trajetória, a artista visual, educadora e pesquisadora participou de exposições coletivas onde se destacam: Hu – minha alegria atravessou o mar, no MAC Niterói; Crônicas Cariocas e Um Defeito de Cor, no Museu de Arte do Rio: Vazar o Invisível, na galeria OM.Art, também no Rio de Janeiro; e Nunca foi sorte, na Central Galeria, em São Paulo. Em 2019, no Sesc São Gonçalo (RJ), apresentou a individual Do Barro ao Corpo: a experiência feminina da cerâmica. Em 2022, fez residência artística em Taiwan, na Taipei Artist Village. Foi indicada ao Prêmio PIPA 2023.
Ofício: Barro: Gabriella Marinho: Argila-Griô
Visitação: 13 de agosto a 08 de dezembro de 2024.
Terça a sexta, das 10h às 21h.
Sábado, domingos e feriados, das 10h às 18h. Grátis. Livre.
Local: Oficinas de Criatividade do Sesc Pompeia
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93, Pompeia, São Paulo, SP.
Agendamento de escolares para visitas mediadas através do e-mail: agendamento.pompeia@sescsp.org.br
Para informações sobre outras programações, acesse o portal: sescsp.org.br
Nos acompanhe: instagram.com/sescpompeia
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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