★★★★ Crítica: Nada, série argentina com Luis Brandoni, Robert De Niro e Majo Cabrera, declara amor a Buenos Aires

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
NADA
Série no Disney +
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Uma série elegante, sofisticada e cheia de pequenos detalhes, temas e possibilidades interpretativas. Estou falando de Nada, série argentina da Disney + (Star+), protagonizada pelo grande ator argentino Luis Brandoni, com participação especial de ninguém menos do que o astro de Hollywood Robert De Niro, e coprotagonizada pela excelente atriz paraguaia Majo Cabrera.

Deliciosamente, Nada acompanha a saga do de Manuel Tamayo Prats (Luis Brandoni), que precisa encarar sua vida solitária após a morte de sua fiel empregada Celsa (a ótima Maria Rosa Fugazot), única pessoa com quem convive e que lhe trata feito uma mãe, enchendo-o de cuidados que fazem dele um típico homem mimado latino-americano.
Contudo, a solidão não dura muito. Sua ex-namorada Grace (Silvia Kutika) lhe envia uma nova empregada, Antonia (Majo Cabrera), uma jovem de 20 anos, imigrante do Paraguai recém-chegada em Buenos Aires, onde busca oportunidade de trabalho que lhe possibilite enviar dinheiro à sua mãe e sua pequena filha, que ficaram em sua terra natal.
A relação que se instaura a partir daí muda os rumos do protagonista e lhe fazem enxergar novos pontos de vista além de seu próprio umbigo. A trilha original de Ignacio Gabriel e Alejandro Kauderer faz perceptível citação a Raros Peinados Nuevos, música do astro do rock argentino Charly Garcia, que traz o verso “ya no quiero criticar”; tudo a ver com o protagonista crítico gastronômico em crise.



O convívio diário entre patrão e empregada, com forte papel de um diário no qual a finada Celsa anotou tudo que “el señor” gosta e precisa, vai mudando aos poucos a percepção do sisudo crítico gastronômico sobre a própria vida. Ele aprende que a simplicidade é o que mais importa.
Tais fatos vão sendo narrados por seu amigo escritor nova-iorquino Vincente (o sempre genial Robert De Niro), jornalista e autor ítalo-americano premiado, a quem Manuel foi cicerone gastronômico na Buenos Aires dos anos 1980. É ao amigo gringo que ele recorre já na reta final da série, com um convite para viajar a Buenos Aires e dar seu prestígio internacional ao novo livro de Manuel, escrito após pressão do editor.

Muito bem criada por Mariano Cohn e Gaston Duprat, Nada é uma série curtinha — são só cinco episódios de cerca de meia hora cada —, mas certeira em criar uma atmosfera que torna-se uma tocante homeangem à própria cidade de Buenos Aires. Mostra não só sua rica gastronomia como suas belezas instrísecas e idiossincrasias típicas dos portenhos, sem deixar de abordar sutilmente temas como xenofobia, racismo, elitismo, colonialismo e machismo, entre outros.
A série confirma mais uma vez o primor de roteiro, atuação e produção audiovisual que nossos hermanos argentinos têm, ao ponto de um Robert De Niro topar entrar em um projeto ao sul do Equador. Merece ser saboreada cena a cena.
Buenos Aires está sempre acordada, à espreita, esperando para empurrá-lo para o vazio… ou para lhe dar uma mão. Isso te surpreende, para melhor ou para pior. É complexa, contraditória, sofisticada, selvagem e encantadora. E o melhor de tudo é que é imprevisível.”
Robert De Niro, na série Nada
★★★★
NADA
Série no Disney +
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Lugares de Buenos Aires que são cenários da série Nada ou Um roteiro turístico a partir da série da Disney +
A série Nada, da Disney +, é ambientad na cidade de Buenos Aires, onde um crítico gastronômico muda sua percepção de vida a partir do encontro com sua empregada, uma jovem imigrante paraguaia. A série passeia por lugares icônicos e também pequenos achados na capital da Argentia que merecem ser conhecidos. O Blog do Arcanjo lista alguns deles que merecem sua visita na próxima ida a Buenos Aires.

Bife a cavalo no bairro Once
O restaurante El Rebenque de Omar
(Matheu 24, Once, CABA)
O lugar é cenário quando Manuel recebe Vincent em Buenos Aires e o leva para comer um bom bife à cavalo portenho, com 900 gramas de carne com dois ovos fritos acima. O nova-iorquino fica impressionado com a carne ser cortada pelo garçom com uma colher, de tão macia que é. Uma cena de dá água na boca. O proprietário é Omar Escudeiro, que cuida do local há quase 30 anos com sua mulher. Uma curiosidade: o garçom da cena é o parrillero da casa, Antonio Niz, que ficou satisfeito com seu momento de atuar com Robert De Niro e Luis Brandoni.

La Boca e sua Ponte Nicolás Avellaneda
O protagonista da série vive no bairro de La Boca, na zona sul de Buenos Aires. Da janela de seu apartamento se avista a ponte de ferro Nicolás Avellaneda, um marco do histórico bairro portenho inaugurado em 1914.

Obelisco e Diagonal Norte
Manuel também faz Vincent caminhar por toda Buenos Aires, um dos pontos de parada é na Avenida Diagonal Norte, no centro de Buenos Aires, de onde eles avistam o famoso Obelisco, símbolo fálico da cidade. Ao vê-lo, o persongem de Robert De Niro afirma que o obelisco de Washington nos Estados Unidos é maior. O que é verdade, já que o Obelisco portenho mede 67,5 metros, já o de Washington tem 169 metros de altura.


Florida, Plaza San Martin e Retiro
A região do microcentro portenho também aparece na série. A Calle Florida surge com seus “arbolitos”, os homens do cambio que trocam dólares e reais. É para lá que Manuel se dirige com sua empregada Antonia para trocar os dólares recebidos pela venda de um quadro. Mas ele prefere fazer a troca em uma loja na Galeria Larreta (Florida, 971), já quase em frente à Plaza San Martín, no bairro de Retiro, uma das mais antigas e queridas praças portenhas. Manuel também passa pela Calle Arroyo, em Retiro, considerada uma das mais francesas ruas de Buenos Aires, com seus cafés e galerias de arte.

Parilla Rojas e seu superpancho en Caballito
Em uma cena maravilhosa da série, Manuel pergunta a sua empregada o que ela deseja comer. E ela responde: “um pancho”, que é como os argentinos chamam o cachorro quente. Então, o crítico gastronômico a leva ao à Parillas Rojas, ou melhor, como aparece no cartaz, Superpancho Milan (Yerbal 799, Caballito), pertinho da estação de trem Sarmiento. O local é especializado em panchos, hamburguesas e sanduíches de milaneasa há mais de um quarto de século.

The Brighton no microcentro portenho
Um dos interiores mais luxuosos da série, todo trabalhado em madeira do começo do século 20, o restaurante The Brighton (Sarmiento, 645), chamado de bar notable, é cenário da cena na qual Manuel se une com seu seleto clube de amigos em um jantar que termina em briga. O movito? Manuel resolve contestar o filho de um dos amigos presente no encontro, um jovem estudante de sociologia na Universidade de Buenos Aires que defende ideias socialistas, falando para ele não falar “boludeces” [besteiras]. A briga faz terminar sua amizade, já que o amigo o chama de um velho amargo.

Nada
Um emblemático dândi de Buenos Aires, crítico gastronómico sofisticado e provocador, convive há décadas com uma governanta que lhe trata de tudo, desde a limpeza da casa até aos seus assuntos mais privados. Mas uma reviravolta inesperada do destino deixa-o sozinho e leva-o a perceber que realmente não pode fazer nada sem ajuda. Quando uma rapariga inexperiente e ingénua do interior do Paraguai aparece à procura de emprego, ele tem de decidir entre contratá-la e ensinar-lhe todas as suas peculiaridades ou tentar viver sozinho. Este choque de culturas e gerações levará a situações inusitadas e enternecedoras que ensinarão a ambos.
★★★★
NADA
Série no Disney +
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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