★★★★ Crítica: Martinho, Coração de Rei – O Musical pulsa no ritmo malemolente do gênio Martinho da Vila

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
MARTINHO, CORAÇÃO DE REI – O MUSICAL
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

A cultura brasileira é potente em baluartes que merecem ser reverenciados. Martinho da Vila é um deles. Nome fundamental da música popular brasileira, o exímio compositor carioca da Vila Isabel e dono da voz mais malemolente que existe neste mundo é celebrado em Martinho, Coração de Rei – O Musical, que pulsa no ritmo do grande artista. A superprodução nacional tem direção carnavalesca de Miguel Falabella e produção do guerreiro dos palcos Jô Santana, da Fato Produções Artísticas. Este crítico precisa recordar que Jô colocou os artistas pretos, antes relegados aos minguados coros, no merecido lugar de destaque no teatro musical brasileiro, com protagonismo em produções sobre a obra de gigantes como Cartola, Dona Ivone Lara e Alcione – este último vencedor do Prêmio Bibi Ferreira como melhor musical brasileiro. A narrativa de Martinho mistura teatro épico e Carnaval e coloca vários atores para interpretarem Martinho da Vila, em um divertido jogo cênico. Contudo, o público logo se volta a Alan Rocha, que brilha incessantemente como Martinho da Vila, cantando igualzinho ao ídolo e fazendo arrepiar o público. Ele ainda faz uma atuação épica como o gigante mangueirense Jamelão, o intérprete mais importante da história do Carnaval no Brasil. Está digno de concorrer a prêmios. Contudo, é preciso elucidar que o brilho de Alan Rocha não eclipsa o restante do elenco, muito pelo contrário. O aviva. Todos estão vibrantes e merecem ser citados um a um: Anastácia Lia, Celso Luz , Dandara Ventapane, Daniela Santana, Dante Paccola , Felipe Mirandda, Fernanda Godoy, Fernando Leite, Grazzi Brasil, João Cortins , Ley Oliveira, Maria Antônia Ibraim , Matheus Oliveira, Matheus Paiva, Millena Mendonça, Negravat, Renée Natan, Roberta Gomes e Vanessa Costa. A orquestra, regida por Josimar Carneiro Denis Lisboa, também diretor musical, tem os virtuosos músicos Bruno Vieira, Diego Pereira, Nino Nascimento, Emerson Bernardes, André Kusmitsch, Guido Ventapane e Zafe Costa, que navegam com propriedade por matizes rítmicas que são uma aula de brasilidade. A dramaturgia de Helena Theodoro, também biógrafa do artista, foca nos primórdios da carreira de Martinho, fusionando o tempo-espaço e até mesmo utlizando a metalinguagem do teatro, reforçando o tom épico-dialético. A intelectualidade presente é inclusive comentada com bom humor em cena. Lembrando os ensinamentos do carnavalesco Joãosinho Trinta, não falta o luxo que o povo gosta, sobretudo no figurino primoroso e coloridíssimo do eterno Dzi Croquettes Cláudio Tovar, que se soma ao visagismo de época de Everton Soares, com deliciosas referências aos anos 1960 e 1970. O grande trunfo desta superprodução mora na potente coreografia de Rafael Machado, que exala farto estudo do movimento advindo de nossas matrizes africanas. Completam o time criativo Zezinho Santos e Turíbio Santos com uma cenografia funcional, que cresce no jogo com a luz propositiva e inebriante de  Felipe Miranda. Bruno Pinho faz o design de som. O diretor Miguel Falabella, com a diretora assistente Iléa Ferraz, rege este imenso coletivo com perceptíveis concessões amorosas. E o amor parece ser mesmo o clima do projeto, que na pré-estreia contou com a participação das filhas de Martinho da Vila, Mart’nália, Analimar e Maíra Freitas, em uma espécie de pocket show na reta final do espetáculo, bem como de Leci Brandão, na estreia. Martinho da Vila, Coração de Rei – O Musical é uma grande família brasileira repleta de talento e daquela energia que só uma boa feijoada carioca de fim de semana tem, com direito a muito samba no pé. Ver essa gente bamba reunida em um dos principais palcos do país para celebrar o icônico artista é digno de aplausos de pé.

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MARTINHO, CORAÇÃO DE REI – O MUSICAL
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Segunda e sexta, às 20h, sábado, às 15h e as 20h, domingo às 16h. No Teatro Sérgio Cardoso – R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo – SP.

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Blog do Arcanjo entra no camarim de Martinho, Coração de Rei – O Musical no Teatro Sérgio Cardoso

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Blog do Arcanjo mostra imagens de Martinho, Coração de Rei no Teatro Sérgio Cardoso

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O Blog do Arcanjo agradece Mauricio Aires e Rogerio Alves, da Amigos Assessoria de Comunicação.

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Coordena a Extensão Cultural da SP Escola de Teatro e apresenta o Arcanjo Pod. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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