O Julgamento de Zé Bebelo chega ao Teatro Sérgio Cardoso com Gilson de Barros em obra de Guimarães Rosa
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
O célebre livro de Guimarães Rosa ganha novo capítulo no teatro. Nesta sexta, 4 de outubro de 2024, às 19h, o Teatro Sérgio Cardoso, instituição vinculada à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e gerido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte, será palco da estreia de O Julgamento de Zé Bebelo. Trata-se da terceira parte da Trilogia Grande Sertão: Veredas. A peça é um recorte de um dos trechos mais marcantes do clássico Grande Sertão: Veredas, do renomado escritor mineiro João Guimarães Rosa. A temporada prossegue até 27 de outubro. A montagem, estrelada pelo excelente ator Gilson de Barros e dirigida pelo ícone dos palcos Amir Haddad, preserva a poética de Guimarães Rosa, com uma encenação minimalista que prioriza a força narrativa e as questões universais presentes na obra.
O Julgamento de Zé Bebelo transporta o público para a transição entre a República Velha e o início do governo de Getúlio Vargas, explorando o sistema dos jagunços e o poder dos coronéis. Zé Bebelo, um chefe jagunço derrotado, ao invés de ser executado, exige um julgamento “correto e legal”. A peça retrata um panorama único de justiça, com Joca Ramiro assumindo o papel de juiz e garantindo a Zé Bebelo o direito à defesa.
O projeto Trilogia Grande Sertão: Veredas teve início em 2020, com a estreia de Riobaldo, indicado ao Prêmio Shell 2022 nas categorias de Melhor Ator e Dramaturgia. Em 2022, foi a vez de O Diabo na Rua, No Meio do Redemunho dar continuidade à obra. Desde então, a trilogia tem viajado pelo Brasil e pelo mundo, incluindo apresentações em Portugal e Bogotá.
Sinopse
O Julgamento de Zé Bebelo é um recorte do livro Grande Sertão: Veredas, escrito por João Guimarães Rosa. A passagem ilustra a transição do período da República Velha – o sistema de coronéis (1889-1930), para o Governo Provisório e Constitucional de Vargas (1930-1937), onde o escritor mineiro traça um panorama do “Sistema Jagunço”.
Gilson de Barros (ator e dramaturgo)
Indicado ao Prêmio Shell 2023 nas categorias de Melhor Dramaturgia e Melhor Ator, este notável operário do teatro destaca-se por sua versatilidade como ator, gestor e dramaturgo. Com formação em Artes Cênicas pela UNIRIO, sua sólida trajetória inclui colaborações com renomados diretores como Augusto Boal, Luiz Mendonça, Mário de Oliveira e Domingos Oliveira, além de uma significativa parceria artística com Amir Haddad na Trilogia Grande Sertão: Veredas. Com mais de 25 peças em seu currículo, atuou em produções diversas, como “Bolo de Carne” de Pedro Emanuel, dirigido por Yuri Cruschevsk; “Murro em Ponta de Faca” com texto e direção de Augusto Boal; e “A Tempestade” de Shakespeare dirigido por Paulo Reis, entre outras. Seu talento foi reconhecido com prêmios destacados, incluindo Melhor Ator no Festival Inter-regional de Teatro do Rio em 1982 e o prêmio de Melhor Ator no Festival de Teatro SATED/RJ em 1980.
Amir Haddad
Li as duas primeiras páginas do ‘Grande Sertão’ várias vezes até perceber que aquela ‘língua’ tinha tudo a ver comigo. O resto da narrativa devorei em segundos, segundo minhas sensações. Aprendi a ler, aprendi a língua, lendo este romance portentoso no original. Entendi! Não era uma tradução, era um livro brasileiro, escrito na ‘língua’ brasileira. Até hoje me orgulho de ser conterrâneo e contemporâneo de Guimarães Rosa. E tenho certeza de que qualquer leitor estrangeiro que ler o livro traduzido jamais lerá o que eu li. Assim como jamais saberei o que lê um inglês quando lê Shakespeare. Os realmente grandes são intraduzíveis.
Amir Haddad
Ficha Técnica
Recorte e atuação: Gilson de Barros
Direção: Amir Haddad
Cenário e direção de arte: José Dias
Iluminação: Aurélio de Simoni
Programação visual: Pedro Azamor
Produção e Assessoria de Imprensa SP: Fábio Camara
Assessoria de Imprensa RJ: Júlio Luz – 21 981279366
Fotos: Renato Mangolin
Realização: Barros Produções Artísticas Ltda.
O Julgamento de Zé Bebelo
Local: Teatro Sérgio Cardoso – Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Temporada: 04 a 27 de outubro de 2024 | Sexta-feira, sábado e domingo, às 19h
Ingressos: R$ 30,00 (meia entrada) e R$ 60,00
Classificação etária: 16 anos
Duração: 60 minutos
Capacidade: 149 lugares
Sobre a Amigos da Arte
A Associação Paulista dos Amigos da Arte, Organização Social de Cultura responsável pela gestão de chamadas públicas, do Teatro Sérgio Cardoso, e do Teatro de Araras, além do Mundo do Circo SP, trabalha em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e a iniciativa privada desde 2004. Música, literatura, dança, teatro, circo e atividades de artes integradas fazem parte da atuação da Amigos da Arte, que tem como objetivo fomentar a produção cultural por meio de festivais, programas continuados e da gestão de equipamentos culturais públicos. Em seus 19 anos de atuação, a Organização desenvolveu cerca de 70 mil ações que impactaram mais de 30 milhões de pessoas.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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