★★★★ Crítica: Helena Ignez revigora Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues e reafirma genialidade do clássico

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
VESTIDO DE NOIVA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Após ter ficado ausente dos palcos por tentativas recentes de cancelamento da nova geração, Nelson Rodrigues volta a demonstrar sua força clássica atemporal no teatro brasileiro. Basta citar os sucessos recentes de Bonitinha, Mas Ordinária, por Bruce Gomlevsky, A Mulher sem Pecado, por Eloisa Vitz com o Grupo Gattu, e Vestido de Noiva, por Ione de Medeiros com o Oficcina Multimedia. E é justamente a icônica peça Vestido de Noiva, gênese do teatro moderno brasileiro em 1943, que a grande atriz e diretora Helena Ignez traz de volta aos palcos paulistanos sob sua direção no histórico Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, e sob direção de produção atenta de Marcela Horta. A peça de 81 anos ganha novo frescor nas mãos da artista vanguardista na essência, propondo diálogo com as mulheres de ontem e de hoje. É impressionante como Nelson Rodrigues segue tecendo um retrato inquietante do Brasil. Por isso é genial. Alaíde é vivida de forma veemente por Djin Sganzerla, em uma das grandes atuações do ano. Atriz potente, impõe-se como epicentro da peça. Para isso, tem duas colegas à altura. Lucélia Santos, atriz com larga trajetória na obra rodrigueana, enche de graça sua malemolente e vívida Madame Clessy, enquanto que Simone Spoladore traz o ódio necessário que a irmã e rival Lúcia emana. Ainda estão no grande elenco Luciano Chirolli, Tuna Dwek, Clarisse Abujamra, Jiddu Pinheiro, Michele Matalon, Luciana Frões e Luiza Barros. A encenação é sofisticada e minimalista, misturando cinema e teatro em uma peça-filme, criando o ambiente ideal para atormentar a protagonista Alaíde, entre a vida e a morte, na obra de três planos: realidade, memória e alucinação, em sua revolucionária narrativa não-linear. Nisso contribuem a cenografia de Simone Mina e Carolina Bertier, também responsáveis pelos figurinos e direção de arte, a iluminação de Aline Santini, a trilha de Aline Meyer e a direção de imagem de André Guerreiro Lopes, formando um conjunto estético coeso. Com a autoridade de quem sempre teceu uma obra contestatória ao sistema, Helena Ignez revigora Vestido de Noiva em uma bela homenagem a Nelson Rodrigues, a quem conheceu no começo de sua carreira, colocando novamente o mestre no devido panteão do teatro brasileiro, livre de censura ou cancelamentos momentâneos à direita ou à esquerda. Afinal, um clássico é um clássico. E merece repeito.
★★★★
VESTIDO DE NOIVA
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
De 25 de outubro a 08 de dezembro de 2024. Sextas e Sábados, às 20h | Domingos e feriados, às 18h. Quinta, 21 de novembro e 05 de dezembro, às 15h. *não haverá sessão em 27/10 e 20/11. Sesc Consolação – Teatro Anchieta – Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque. São Paulo – SP. Tel. (11) 3234-3000. 110 min. 16 anos. R$ 70 inteira R$ 35 meia e R$ 21 credencial plena do Sesc. Compre seu ingresso!
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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