BORI celebra negritude na história do Teatro Oficina

Bori no Teat(r)o Oficina © Guto Muniz Divulgação Blog do Arcanjo 2024

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

O espetáculo BORI, uma criação da Oficina Uzyna-Uzona, encerra a programação do ano no Teat(r)o Oficina até o dia 8 de dezembro de 2024. Com a direção compartilhada de Fernanda Taddei, Marília Piraju e Rodrigo Andreolli, a montagem inédita faz uma celebração das contribuições das culturas e artistas pretos na narrativa da consagrada companhia paulistana, trazendo à tona as “re-existências” dos povos negros ao longo do tempo.

Segundo os artistas, a essência de BORI está arraigada no ritual de oferenda ao Ori, a cabeça, que traça uma (re)volta transatlântica, começando em São Paulo, no Bixiga dos anos 1970, e se estendendo até os dias atuais. Marília Piraju destaca que a dramaturgia revela uma série de tragédias coloniais que, sob a forma de canto e narração, são transformadas em cena pela força coletiva dos cantos de trabalho, da partilha, da celebração e da inovação tecnológica que caracteriza o Teat(r)o Oficina. “A alegria é a arma contra o desmassacre!”, conclui Marília.

Bori no Teat(r)o Oficina © Jennifer Glass Divulgação Blog do Arcanjo 2024

Público pulsa junto

Inscrito nas intensas interações que marcam as produções da companhia fundada por Zé Celso (1937-2023), BORI convida o público a se tornar parte essencial da narrativa. Para Marília, “o público-atuador é o coração pulsante deste rito coletivo e popular, inspirando nossas ações em cena”.

Remontando a 1979, com o advento da Lei da Anistia, a companhia, sob a liderança de José Celso Martinez Correa, retornou do exílio. Durante esse período, filmaram a revolução moçambicana, evidenciada no filme 25, que alude a marcos cruciais da luta pela independência.

Negros e nordestinos

A ressurgência do Oficina no cenário teatral permitiu que numerosos artistas de Pernambuco, Bahia e Ceará se unissem à companhia, contribuindo para a formação de uma linguagem teatral rica e multifacetada. “Foram esses personagens que radicalizaram a linguagem decolonial do Oficina”, explica Marília, arquiteta cênica e associada da companhia desde 2011.

Rodrigo Andreolli enfatiza que em 2024 a ancestralidade e a contemporaneidade se entrelaçam, reivindicando um coro de artistas pretos e nordestinos que refletem sobre a relevância das subjetividades atuais na companhia mais antiga em funcionamento no Brasil no Oficina, o mais belo teatro do mundo, segundo o jornal inglês The Guardian.

Parque do Rio Bixiga

Recentemente, a companhia comemorou a conquista do Parque do Rio Bixiga, uma vitória coletiva após mais de quatro décadas de luta, como observa a diretora Fernanda Taddei. “Fôlego não nos faltará!”, diz ela, ao anunciar a preparação da Escola de Samba Vai-Vai para homenagear Zé Celso no próximo desfile do Carnaval de São Paulo.

Ajude o Oficina

Apesar das suas conquistas e do espaço icônico que ocupa, projetado por Lina Bo Bardi, a companhia enfrenta desafios financeiros. Por isso, uma nova campanha, Teat(r)o Oficina é Legado, será lançada, permitindo que o público se torne doador e amigo da companhia, contribuindo com parte do imposto de renda. Um chamado a todos que valorizam a cultura como um pilar da vida. Acesse a plataforma Evoé e conheça os planos de financiamento: evoe.cc/parceiro/teatro-oficina/bem-vindo

SERVIÇO

BORI
Data: De sexta a domingo até 08/12/2024
Horário: Sexta e sábado, às 20h | Domingo, às 18h
Duração: 100 minutos
Classificação: 16 anos (menores acompanhados)
Local: Teat(r)o Oficina
Endereço: Rua Jaceguai, 520 – Bixiga, SP
Ingressos: R$60 (inteira) | R$30 (meia)
*Compre antecipadamente ou na bilheteria 1h antes do espetáculo.
* ingressos antecipados aqui ou na bilheteria 1h antes do espetáculo.
* para acessar políticas de gratuidade, clique aqui

Editado por Miguel Arcanjo Prado

Siga @miguel.arcanjo

Ouça Arcanjo Pod

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é miguel-arcanjo-prado-foto-edson-lopes-jr.jpg

Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
© Blog do Arcanjo – Cultura e Entretenimento por Miguel Arcanjo Prado | Todos os direitos reservados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *