Por MIGUEL ARCANJO PRADO
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Roteirizado pelo dramaturgo Júlio Kadetti, um dos romances mais polêmicos da literatura brasileira no século 19, pioneiro da temática gay, vai se transformar em longa metragem. O roteirista sonha em ter a estrelíssima Lucélia Santos no trio protagonista.
Com apoio do Governo do Estado de São Paulo através do Programa de Incentivo à Cultura, o roteirista guaribense Júlio Kadetti se prepara para transformar em roteiro um dos romances mais importantes da literatura brasileira: Bom-Crioulo.
Escrito há mais de cem anos pelo então jovem escritor cearense Adolfo Caminha (1867-1897), que morreu aos 29 anos de tuberculose, o romance se passa no Rio de Janeiro em meados do século 19, quando o Brasil ainda vivia sob o regime escravocrata.
Romance gay no Brasil imperial
A trama começa quando Amaro, um homem escravizado que fugiu de uma fazenda produtora de café e se alistou na Marinha, conhece o jovem Aleixo, um aprendiz de marinheiro loiro, de olhos azuis, fisicamente frágil, mas extremamente ambicioso.
Apaixonado por Aleixo, Amaro abandona a Marinha e leva o rapaz para morar com ele em um quarto na pensão da ex-prostituta Carola Bunda que, invejosa, frívola e leviana, decide conquistar Aleixo e acaba arrastando todos para uma grande tragédia.
Escrito num contexto naturalista que expressa posições moralmente preconceituosas em relação às classes mais populares da sociedade e atribui às condições ambientais o comportamento passional de personagens guiados pelos vícios, as perversões sexuais e a violência, Bom-crioulo tem trama dramática , desfecho fatídico e narrativa que leva o leitor a aderir emocionalmente aos personagens, lembrando as tragédias urbanas de Nelson Rodrigues.
O prazo para conclusão do roteiro é março de 2025, quando a Secretária de Educação de São Paulo se encarregará de transformar o roteiro em livro que será distribuído a estudantes de cinema. Concluída essa primeira fase, terão início os trabalhos de produção do filme que, por enquanto, não ainda não definiu diretor nem elenco, entretanto, se depender do roteirista Júlio Kadetti, a protagonista poderá ser Lucélia Santos.
“São três personagens fortes. Confesso que ainda não pensei em nenhum nome para fazer o Amaro ou Aleixo, mas a personagem feminina principal do romance, Carola Bunda, parece ter sido criada sob medida para uma atriz veterana. Penso que a Lucélia Santos, por conta do talento, da ousadia, pela coragem e por ser internacionalmente conhecida, seria a escolha perfeita para o papel”, afirma Kadetti ao Blog do Arcanjo.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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