BBB O Documentário, Mais Que Uma Espiada estreia na Globo: ‘Novas perspectivas’, diz diretor

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A Globo estreia a série ‘BBB: O Documentário – Mais que uma espiada’, que começa neste dia 7 e vai ao ar até o dia 10 de janeiro em quatro episódios. Nele o público conhece os bastidores do reality mais comentado do Brasil.
Com depoimentos inéditos, curiosidades dos bastidores de diferentes temporadas, análises de tendências e a retrospectiva de momentos impactantes, a produção ainda explora as mudanças na forma de fazer e consumir televisão, e a força cada vez maior das novas dinâmicas promovidas pelas redes sociais.
Entre os entrevistados, estão nomes como Grazi Massafera (BBB5), Sabrina Sato (BBB3), Cida (BBB4), Pedro Bial, Boninho, Dourado, Kleber Bambam (BBB1), Ariadna (BBB11), Juliana Alves (BBB13), Gil do Vigor (BBB21), Ana Paula (BBB16), Manu Gavassi (BBB20), Solange (BBB4), o ex apresentador Thiago Leifert, Jean Wyllys (BBB5), Thelma Assis (BBB20), Juliette (BBB21), o cantor Paulo Ricardo, Tadeu Schmidt e muitas outras figuras indispensáveis para contar a trajetória do game.
‘BBB: O Documentário – Mais que uma espiada’ tem direção e roteiro de Bruno Della Latta, redação de Elli Cafrê e produção de conteúdo e assistência à direção de Amanda Prada. A direção de gênero é de Mariano Boni.
A seguir confira duas entrevistas do Blog do Arcanjo com quem fez a série em parceria com a Comunicação Globo.
Entrevista com Bruno Della Latta, diretor da série
Blog do Arcanjo – Como surgiu a ideia de criar um documentário sobre o BBB?
Bruno Della Latta – A ideia surgiu de uma conversa com meu namorado sobre como as novelas no Brasil sempre foram retratos de seu tempo e como elas influenciam a sociedade. Esse é um tema amplamente debatido no meio audiovisual, na academia e na sociedade. Muito já se falou, por exemplo, sobre o impacto da série Malu Mulher para a emancipação feminina ou de como a novela Vale Tudo foi um retrato do final dos anos 80. Mas nunca se analisou e documentou como o reality show de maior sucesso no Brasil, o Big Brother, impacta e é impactado pela sociedade ao longo desses 22 anos no ar.
Blog do Arcanjo – Qual, na sua opinião, é a importância de se produzir um documentário sobre a história do BBB?
Bruno Della Latta – A televisão está profundamente enraizada na cultura nacional e quase todo brasileiro tem a grade de programação da TV Globo na cabeça. Sabemos que durante as noites é possível assistir a três novelas e ao JN, há sempre um filme ou programa de humor durante a semana, e domingo é dia de programa de auditório e Fantástico. Desde que sou criança, é assim. Talvez a grande novidade nas últimas décadas tenha sido o surgimento do reality show. Esse formato de programa surgiu na década de 70, teve exemplos na década de 80 e 90, mas só com a aproximação dos anos 2000 conseguimos atingir um nível tecnológico que tornou viável, inclusive economicamente, ter câmeras espalhadas num ambiente gravando as pessoas 24 horas. Quando o Big Brother chega ao Brasil, torna-se um fenômeno instantâneo. Isso aconteceu também em outros países, mas acredito que aqui o sucesso foi ainda mais relevante, justamente pela relação que o país tem com a TV. Muitos jovens brasileiros já se imaginaram dentro do programa. É inegável a importância desse produto, e foi muito interessante estudar suas transformações e os personagens que foram testemunhas dessas mudanças.
Blog do Arcanjo – Qual/Quais entrevistas você destacaria? Por quê?
Bruno Della Latta – Esta certamente é a pergunta mais difícil. Temos entrevistas muito boas com personagens icônicos do programa, como Gil do Vigor, Tina, Juliette, Kleber Bambam, Grazi Massafera, Diego Alemão, Ana Paula Renault. Conversamos com Jean Wyllys, que há anos não fala sobre o Big Brother. Fizemos entrevistas muito fortes com Fernando Fernandes, Solange e Ariadna. São entrevistas muito diferentes entre si, mas que revelam lados dos personagens ainda pouco explorados.
Blog do Arcanjo – O que mais na história do BBB te surpreendeu?
Bruno Della Latta – Fiquei surpreso com o impacto que o programa tem na vida dos participantes e de muitos espectadores que se identificam com alguém confinado. Também me surpreendi com a dimensão do BBB nas redes sociais nos primeiros meses do ano. Existem palavras e expressões que ficaram conhecidas e importantes debates sociais que foram desencadeados pelo programa.
Blog do Arcanjo – O documentário destaca a evolução do formato em diversidade. Por que era importante trazer o assunto?
Bruno Della Latta – Minha principal motivação ao fazer esse documentário era apresentar uma perspectiva nova sobre um produto amplamente debatido e conhecido. Olhar sob a ótica da diversidade me pareceu original, e é importante trazer esse debate, seguindo a linha dos principais projetos que já dirigi e roteirizei. A diversidade é um dos pontos abordados no episódio 2. O projeto é dividido em 4 episódios, e cada um tem um formato e ritmo próprios. O primeiro tende a ser mais engraçado, o segundo mais emocionante, o terceiro tem momentos muito dramáticos e o quarto mistura todas as emoções. Cada episódio foca mais em um aspecto — cultural, social, midiático. No final, creio que temos uma boa “receita” que reflete o Brasil.
Entrevista com Amanda Prada, assistente de direção e produtora de conteúdo da série
Blog do Arcanjo – Qual sua relação pessoal com o BBB? Por que essa história te interessa?
Amanda Prada – Eu comecei a assistir o BBB por curiosidade, especialmente pelo interesse em novos formatos. Como produtora do programa Fantástico desde 2009, no núcleo de séries e realities, comecei a notar que os assuntos discutidos no BBB eram frequentemente debatidos nas nossas reuniões de pauta. A partir disso, voltei a assistir, mas dessa vez para estar por dentro dos temas apresentados. Virei fã e, desde então, nunca mais parei. Quando fui convidada para produzir o documentário, percebi o grande desafio que teria, especialmente porque o foco do projeto era muito mais amplo do que o programa em si. Era uma análise das evoluções culturais, sociais e comportamentais do país nos últimos 22 anos. Dado o significado desse ano para a emissora e a importância do programa Big Brother Brasil tanto para a audiência quanto para os aspectos comerciais, não poderia ficar de fora.
Blog do Arcanjo – Quais foram as etapas de criação, concepção e pré-produção? Foram nessas etapas que o roteiro foi construído?
Amanda Prada –A ideia do documentário foi do diretor Bruno Latta, que a apresentou em junho de 2024. Em julho do mesmo ano, começamos a fase de produção e gravação, que foi feita em tempo recorde. O primeiro mês foi dedicado à pesquisa, onde investigamos os participantes mais marcantes, histórias que se destacaram, a evolução dos perfis dos participantes ao longo dos anos e episódios que ganharam destaque na mídia. Também contratamos pesquisas exclusivas e conversamos com especialistas em comportamento e diversidade para entender como o programa reflete e influencia a sociedade. A partir dessas análises, finalizamos o roteiro detalhado e partimos para a fase de gravações, que durou dois meses.
Blog do Arcanjo – Como descreveria o clima geral do documentário?
Amanda Prada – O documentário tem um clima de reflexão, diversão e muita emoção. Ele provoca uma análise profunda, ao mesmo tempo em que traz momentos leves e emocionantes.
Blog do Arcanjo – Como você definiria o documentário?
Amanda Prada – Eu definiria o documentário como um registro histórico e uma análise do comportamento e das mudanças da sociedade nos últimos 22 anos. É um alerta para o futuro, para que não cometamos os mesmos erros do passado como sociedade. Também é um chamado para quem vive em suas bolhas sociais, para que se abra ao novo, olhe para o lado e enxergue o mundo além das suas próprias crenças e relações como algo natural.
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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