★★★★ O CÉU DA LÍNGUA Avaliação: Muito Bom Crítica por Miguel Arcanjo Prado
O Céu da Língua, novo espetáculo de Gregório Duvivier, estreou sob fortes aplausos no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio, nesta quinta, 6 de fevereiro, sob produção da Pad Rok, de Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha e produção executiva de Lucas Lentini. Esta foi a estreia brasileira da montagem que chegou aos palcos mundiais em Portugal, no fim do ano passado, onde foi aclamada pelo público e crítica portugueses. De autoria do próprio intérprete, a peça tem um dos textos mais inteligentes dos últimos tempos.
Mesmo precisando lidar com um inesperado contratempo técnico na largada — a mesa de luz simplesmente travou —, Duvivier, com perspicácia e improviso, manteve o público conectado e sorrindo até que tudo fosse rapidamente resolvido, e a peça pudesse ser reinicidada. Foi uma demonstração rara da beleza do risco que só o teatro possui. Duvivier saiu-se maravilhosamente bem diante do imprevisto.
A poesia que cada palavra concerne é a obsessão do artista no palco, e a peça se torna uma inteligente e instigante homenagem de Gregorio Duvivier à língua portuguesa e à formação de suas palavras. Formado em Letras, o grande performer navega com propriedade pelo minucioso e saboroso texto.
Conhecida atriz dos palcos paulistanos com a Cia. Hiato e das novelas da Globo, Luciana Paes faz estreia na direção com O Céu da Língua, conferindo dinamismo e pitadas de fina ironia à encenação, que despertam a gargalhada do público, juntamente com o ótimo tempo para comédia de Duvivier.
Sabiamante, a diretora o coloca em cena acompanhado do músico e diretor musical Pedro Aune e da criadora visual Theodora Duvivier, com seu retroprojetor vintage, que servem de pertinente escada para os saltos cômicos do artista e funcionam como respiros importantes às palavras ditas.
Duvivier muito bem poderia apresentar seu texto no formato cru do stand up, mas não abre mão da poética e refinada estética teatral, o que o torna um grande artista não apenas do humor, mas das artes cênicas.
Tal potência estética se reflete nos exuberantes figurinos barrocos de Elisa Faulhaber e Brunella Provvidente, habilmente costurados por Riso Monteiro, e na iluminação propostivia de luzes e sombras de Ana Luzia de Simoni.
O Céu da Língua já tem presença confirmada no Festival de Curitiba, nos dias 3 e 4 de abril, no tradicional palco do Guairão, para mais de 2.000 pessoas em cada sessão. Na sequência, emenda temporada paulistana no Teatro Sérgio Cardoso. Também pudera.
Em O Céu da Língua, de forma perspicaz, Gregório Duvivier recupera a poética cômica de cada palavra que diz, rompendo as barreiras entre o erudito e o popular, aproximando a língua do povo que a fala, desmistificando velhos e arrogantes academicismos. Afinal, a língua não é propriedade exclusiva de filólogos encastelados. Ela pertence a todos que a falam e a moldam, diariamente, no dinamismo da vida e do tempo.
★★★★ O CÉU DA LÍNGUA Avaliação: Muito Bom Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Rio de Janeiro – Teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes) – De 06 à 24 de fevereiro de 2025. Quintas e Sextas, às 19h; sábados e domingos, às 18h. Ingressos: R$ 80 | R$ 40 (meia). Classificação indicativa: 12 anos. Duração: 70 minutos. Compre seu ingresso.
Festival de Curitiba – Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade) – Dias 3 e 4 de abril de 2025. Quinta e sexta, 20h30. R$ 85 e R$ 42,50. Compre seu ingresso.
O Blog do Arcanjo acompanhou os bastidores da estreia de O Céu da Língua com Gregório Duvivier no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, com exclusividade e mostra como foi em fotos de Rafa Marques.
Gregório Duvivier e equipe recebem Blog do Arcanjo nos bastidores de O Céu da Língua no Teatro Carlos Gomes