Carnaval São Paulo: Benito Di Paula, Milton Cunha e Zé Celso dominam desfiles do segundo dia

Estrela do Terceiro Milênio homenageia Milton Cunha © Liga Carnaval SP Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Colaborou Felipe Rocha

Chegamos ao último dia dos desfiles do Grupo Especial de São Paulo. O Carnaval de SP trouxe grandes inovações, celebrou muitos artistas brasileiros e fez um verdadeiro ode à arte em seu sentido amplo, mas um de seus maiores destaques foi a abordagem de temas sociais. Neste sábado (1), não foi diferente. A religiosidade que vimos no primeiro dia se manteve aqui, mas no sentido de festejo dos legados africanos e indígenas. Porém, um assunto dominou a atenção e transformou o Sambódromo do Anhembi em uma verdadeira explosão de cores: a pauta LGBTQIAPN+, que homenageou o carnavalesco Milton Cunha e a queridinha personagem Dona Hermínia, do ícone Paulo Gustavo.

Todas as sete escolas de samba deste segundo dia desfilaram no tempo máximo previsto e sem grandes intercorrências.

Neste ano, os desfiles também quebraram recordes: o Anhembi registrou neste segundo dia de desfiles o maior público da história do Sambódromo. Segundo a Liga-SP, 54.861 pessoas acompanharam o encerramento o Grupo Especial. Merecido!

O Blog do Arcanjo resume a seguir tudo que aconteceu no segundo dia dos desfiles, juntamente com os cliques de cada escola para você entrar no clima; confira:

Águia de Ouro

A Águia de Ouro foi a primeira a desfilar no Sambódromo do Anhembi e trouxe um enredo que homenageia Benito Di Paula. Ao som das principais obras do artista e do clássico “Meu Amigo Charlie Brown”, a escola revisitou sua trajetória musical. A última alegoria foi o grande destaque: com a presença ilustre do cantor Benito Di Paula, e o personagem do gibi, Charlie Brown, e seu cãozinho Snoopy, remetendo à música. Clássico! Confira:

Império de Casa Verde

A Império de Casa Verde fez uma verdadeira revolução no mundo dos quadrinhos e da literatura, questionando os padrões de beleza, preconceitos e o padrão bem e mal nas histórias. Na comissão de frente coreografada por Anderson Rodrigues, Batman deixou de ser herói, Coringa venceu o Batman, Branca de Neve virou Preta de Neve e Riobaldo e Diadorim trocaram beijos diante do público. Que criatividade!

Mocidade Alegre

A religiosidade apareceu pela primeira vez no segundo dia aqui, com a Mocidade Alegre, que transmitiu uma mensagem contra a intolerância religiosa. A atual campeã do Carnaval de São Paulo mostrou a história dos patuás e objetos religiosos que fazem parte da cultura brasileira. A bateria roubou a cena ao formar um enorme terço, onde cada integrante representava as contas menores do símbolo religioso.  Em seguida, os ritmistas formaram um coração com o cordão, enquanto a rainha de bateria, Aline Oliveira, carregava uma cruz iluminada. A musa Thelminha também marcou presença. Que lindo!

Gaviões da Fiel

A Gaviões da Fiel desfilou com um enredo afro pela primeira vez. A escola mostrou os rituais africanos com máscaras e elementos que representam a diversidade e ancestralidade africana. Necessário! Sabrina Sato, a rainha de bateria, roubou a atenção do público.

Acadêmicos do Tucuruvi

A Acadêmicos do Tucuruvi celebrou a cultura indígena com um enredo que conta a história do manto tupinambá, que foi levado do Brasil há mais de 300 anos. A vestimenta sagrada dos indígenas tupinambás foi devolvida ao país em 2024 pela Dinamarca. A comissão de frente representou um ritual indígena, com um time de componentes muito bem coreografado. A Tucuruvi chamou a atenção pelo efeito visual de suas alegorias e fantasias em cores neon. Interessante!

Estrela do Terceiro Milênio

A Estrela do Terceiro Milênio foi um dos grandes destaques da noite e jogou luz e cores numa pauta importantíssima: LGBTQIAPN+. A escola chamou a atenção pela coragem e versatilidade com que abordou o preconceito contra essa comunidade. Além disso, houve uma inovação: a presença da única mulher intérprete no Carnaval de São Paulo em 2025, a cantora Grazzi Brasil. E, claro, não poderia faltar a presença do ilustríssimo homenageado Milton Cunha, que desfilou à frente dos músicos. Um dos carros alegóricos trouxe também a saudosa personagem Dona Hermínia, do ícone Paulo Gustavo. Viva!

Vai-Vai

A Vai-Vai fechou o Carnaval de São Paulo em grande estilo: homenageando o ícone da dramaturgia Zé Celso Martinez, que morreu em 2023. Com esse reconhecimento, Zé Celso finalmente realizou seu desejo de ser “devorado”, em sentido de antropofagia cultural. Apoteótico!

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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