Três Mulheres Altas volta a SP com Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill no Teatro Bravos

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Colaborou Felipe Rocha
Com um elenco estelar que interpreta três gerações de mulheres, o clássico da dramaturgia contemporânea Três Mulheres Altas, de Edward Albee, retorna em São Paulo a partir de 7 de março, no Teatro Bravos, em Pinheiros. Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill representam o embate de três mulheres em diferentes fases da vida: juventude, maturidade e velhice.
As atrizes estrelam a montagem que já passou por sete cidades, acumulou indicações a prêmios e teve mais de 50 mil espectadores na plateia. Dirigido por Fernando Philbert, o espetáculo – que rendeu o Prêmio Pulitzer ao autor – traz uma comédia perversamente engraçada.
O Blog do Arcanjo conta mais detalhes dessa peça a seguir, que contará com intérprete de libras em todas as apresentações.
Em cena, as atrizes interpretam três mulheres, batizadas pelo autor apenas pelas letras A, B e C. A mais velha (Suely Franco/Ana Rosa), que já passou dos 90, está doente e embaralha memórias e acontecimentos, enquanto repassa a sua vida para a personagem B (Deborah Evelyn), apresentada como uma espécie de cuidadora ou dama de companhia. A mais jovem, C (Nathalia Dill), é uma advogada responsável por administrar os bens e recursos da idosa, que não consegue mais lidar com as questões financeiras e burocráticas.
Entre os muitos embates travados pelas três, a grande protagonista do espetáculo é a passagem do tempo e também a forma com que lidamos com o envelhecimento. Em conversa com o Blog do Arcanjo, o diretor Fernando Philbert analisa: “O texto do Albee nos faz refletir sobre ‘qual é a melhor fase da vida?’, além de questões sobre o olhar da juventude para a velhice, sobre a pessoa de 50 anos que também já acha que sabe tudo e, fundamentalmente, sobre o que nós fazemos com o tempo que nos resta. Apesar dos temas profundos, a peça é uma comédia em que rimos de nós mesmos”.
A última e até então única encenação do texto no Brasil foi logo após a estreia em Nova York, em 1994. Philbert e as atrizes da atual montagem acreditam que a nova versão traz uma visão atualizada com todas as mudanças comportamentais e políticas que aconteceram no mundo de lá para cá, especialmente nas questões femininas, presentes durante os dois atos da peça. Sexo, casamento, desejo, pressões e machismo são temas que aparecem nos diálogos e comprovam a extrema atualidade do texto de Albee.
A peça tem características autobiográficas e foi escrita pouquíssimo tempo depois da morte da mãe adotiva do autor Edward Albee, que teria inspirado a personagem mais velha. Após abandoná-la aos 18 anos, Albee voltou a ter contato com a mãe em seus últimos dias, quando já estava doente de Alzheimer. No entanto, alguns especialistas em sua obra defendem que a peça não pode ser reduzida a este fato.
‘Três Mulheres Altas’ vai além de ser um retrato de sua mãe. O texto traz o olhar mordaz e perverso – por que não dizer cômico – de Albee para a classe média alta americana e toda a sua hipocrisia, ao falar sobre status, sucesso, sexo e abordar a visão preconceituosa da sociedade e as relações que as três mulheres travam com o mundo, sempre atravessadas pelo filtro machista.
A tradução é de Gustavo Pinheiro e produção da WB Produções, de Bruna Dornellas e Wesley Telles. O espetáculo é apresentado pela Bradesco Seguros, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Ana Rosa
A partir de 4 de abril, Ana Rosa substitui Suely Franco no elenco até o final da temporada, em 11 de maio. A atriz, que entrou para o Guinness Book em 1997 como a maior recordista do mundo em papeis na televisão, participou de produções marcantes, como Mulheres de Areia, O Profeta, Senhora do Destino e O Rei do Gado. Atualmente morando em Portugal, Ana Rosa vem ao Brasil especialmente para participar da montagem.
SERVIÇO
Três Mulheres Altas, de Edward Albee. Com Suely Franco/Ana Rosa, Deborah Evelyn e Nathalia Dill
TEATRO BRAVOS – Rua Coropé, 88, Pinheiros, São Paulo/SP.
07 de março a 11 de maio de 2025. Quinta a sábado às 20h e domingo às 17h





Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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