★★★★ Crítica: Três Mulheres Altas é olhar inteligente sobre transformações que a vida impõe

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★★
TRÊS MULHERES ALTAS
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Quinta, sexta e sábado, 20h, domingo, 17h – Até 11/5/2025
Teatro Bravos, São Paulo – Compre seu ingresso!
Um escritor, quando mergulha na sua mais profunda verdade, costuma ser universal. Este é o caso do texto Três Mulheres Altas, do estadunidense Edward Albee (1928-2016), que lhe rendeu o Pulitzer de Melhor Drama em 1994 a partir de uma história inspirada na conturbada relação com sua mãe. Afinal, é preciso expurgar para transcender.
A peça, complexa e profunda, teve sua primeira montagem no Brasil em 1995, com Beatriz Segall, Nathalia Timberg, Marisa Orth e Marcos Pecci sob direção de José Possi Neto. A segunda montagem no país, que pode ser apreciada atualmente no Teatro Bravos, em São Paulo, coleciona quatro anos de sucesso e mais de 50 mil pessoas de público.

O enredo aborda três mulheres em idades diferentes: uma idosa de 92 anos, uma na meia idade aos 52 e outra no ápice da juventude com 26, que se encontram aprisionadas em um quarto luxuoso, onde suas ideias e visões de mundo se confrontam.
Na nova montagem brasileira, sob cuidadosa produção de Bruna Dornellas e Wesley Telles, que fazem a diferença no teatro há 18 anos com sua WB Produções, Suely Franco — que será substituída em breve por Ana Rosa —, Deborah Evelyn e Nathalia Dill vivem as personagens chamadas pelo autor de A, B e C, revelando camadas distintas da mesma, sob direção cuidadosa de Fernando Philbert — com assistência de João Sena. Philbert é um dos principais diretores do teatro brasileiro contemporâneo, graças à sua sensibilidade ímpar para potencializar as histórias que conta.

O elenco possui características distintas, que se convergem formando um conjunto diverso. Suely Franco é sempre uma grande atriz. Afinal, tem décadas de trajetória respeitável nos palcos, do qual é uma das grandes damas. Sua atuação deixa o drama mais cômico, já que Suely é dona de incontornável carisma e uma ligação profunda com o público, capaz de fazê-lo rir mesmo que a atmosfera no palco seja mais dramática. Deborah Evelyn demonstra ser atriz em seu apogeu, ou como sua personagem, no topo, condensando em sua acertada representação o conglomerado de dores e constatações de sua personagem, à quem a verdade da vida já se descortinou. Nathalia Dill, por sua vez, constrói sua personagem com aquela típica arrogância da juventude que acha ser dona de seu próprio destino e não perde por esperar o que está vindo a galope. Completa o elenco Leandro Flores, em participação especial.
No time criativo da peça sob produção executiva de Clarice Coelho se impõe a cenografia luxuosamente fria de Natália Lana bem como os sóbrios figurinos que brincam com preto e branco de Tiago Ribeiro. Ainda é preciso mencionar a luz de intensidades de Vilmar Olos, que conversa com a trilha original de Maíra Freitas.

O que é que fazemos das nossas vidas? Ou será que a pergunta mais correta seria o que é que a vida faz com a gente? Tais questionamentos ecoam na vida das Três Mulheres Altas, que sintetizam muito das agruras femininas e, como boas personagens, têm também seus pontos fracos e seus pecados.
Com sua resolução surpreendente, o texto de Albee flerta com o teatro do absurdo consagrado por nomes como Samuel Beckett e Luigi Pirandello para fazer um tratado sobre a vida. A grande questão de Três Mulheres Altas é mostrar que, assim como na natureza, também nos transformamos com o passar do tempo. Afinal, experiências, boas ou más, deixam marcas e impõem lições.
★★★★
TRÊS MULHERES ALTAS
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Quinta, sexta e sábado, 20h, domingo, 17h – Até 11/5/2025
Teatro Bravos, São Paulo – Compre seu ingresso!








Blog do Arcanjo mostra bastidores da estreia de Três Mulheres Altas no Teatro Bravos




















Blog do Arcanjo mostra quem já aplaudiu Três Mulheres Altas no Teatro Bravos


















Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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