Carolina Correa estreia Zona de Sacrifício na França e no Chile e faz ensaio aberto em São Paulo

Carolina Correa estreia Zona de Sacrifício na França e no Chile e faz ensaio aberto em São Paulo © Lucas Brito Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

A performer e premiada artista brasileira Carolina Correa se prepara para levar sua nova peça, Zona de Sacrifício, ao mundo. A obra toca em um tema muito presente na vida dos mineiros, terra natal da atriz, que vive em Nova Lima, Minas Gerais, e mistura luta social, questões ambientais e feminismo. A direção e dramaturgia é de Lara Duarte, com direção de imagens de João Borges.

A produção terá estreia na França neste mês de março, e no Chile, em abril, além de ensaio aberto em São Paulo nesta semana e previsão de estreia nacional no Tiradentes em Cena, no mês de maio.

O ensaio aberto na capital paulista está marcado para o dia 14 de março, às 21h, no Teatro Manás Laboratório (R. Treze de Maio, 222), na Bela Vista. Em seguida, a atriz irá para a França, onde se apresentará na cidade de Estrasburgo, no Quai de Scène, nos dias 20 e 21 de março. Em abril, estará no Chile, integrando a programação do 5º Festival de Ecosistemas Creativos Hecho en Chile, e em maio, a previsão é que a peça estreia no Tiradentes em Cena, de 21 a 25 de maio, em Tiradentes, Minas Gerais.

Em conversa exclusiva ao Blog do Arcanjo, Carolina Correa explica a decisão de fazer o ensaio geral do espetáculo em São Paulo e levá-lo posteriormente à França.

“A gente está indo fazer em São Paulo, primeiro porque a diretora mora aí, então a gente vai fazer esse encontro com ela para a gente poder também fazer um ensaio presencial antes da viagem à França. Mas, mais do que tudo, porque a gente quer testar o trabalho em um espaço, em um território, onde não tem a presença da mineração como tem aqui em Minas Gerais, que é para nós um tema muito presente, muito próximo, já que muitas pessoas vivem isso e são atingidas realmente pela questão das barragens, pela questão da mineração, não só em Belo Horizonte, como todo o entorno aqui”, afirma.

“Em São Paulo, a gente quer então imaginar e testar qualquer reação desse público, quais são as dúvidas, as curiosidades, como que seria então a reação do público em São Paulo em relação ao tema da mineração. Então, para a gente ir para a França, que também mesmo sendo um país que já foi muito minerário, ele não tem essa presença, como se tem a exploração predatória na América Latina”, observa.

Zona de Sacrifício

Zona de Sacrifício é uma produção teatral que investiga as consequências sociais, ambientais e culturais da mineração em Minas Gerais, utilizando uma fusão de múltiplas linguagens artísticas, como o teatro, a dança e a performance. A peça busca explorar o impacto socioambiental gerado pelo extrativismo mineral no estado, com ênfase nos danos provocados pelas barragens de rejeitos. Mesmo que as barragens já carregassem consigo riscos potenciais, os desastres ambientais em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) adicionaram uma nova camada à experiência das comunidades vizinhas, que passaram a viver sob a constante ameaça de um desastre iminente.

O espetáculo se desdobra em três movimentos distintos que, juntos, buscam provocar uma reflexão sobre a mineração e suas repercussões. O primeiro movimento levanta a provocativa questão: “E se a mineração fosse um deus?”, explorando os sacrifícios exigidos por essa divindade em um contexto de surrealismo grotesco. O segundo movimento enfoca a linguagem publicitária das empresas mineradoras, criticando seus jargões e promessas vazias por meio da figura do coach, uma metáfora das dissimulações corporativas. O terceiro e último movimento aborda os depoimentos de moradores do interior de Minas Gerais, trazendo à tona as experiências e realidades daqueles diretamente afetados pelos crimes ambientais. A peça, assim, desafia o espectador a refletir sobre a complexidade e os custos da mineração, uma prática intimamente ligada à história do Brasil.

Saiba mais sobre Zona de Sacrifício

Zona de Sacrifício

Ficha técnica

Idealização e performance: Carolina Correa
Direção e dramaturgia: Lara Duarte
Dramaturgismo: Carolina Correa e João Borges
Instalação Visual: João Borges
Direção de Arte: Victor Paula
Preparação Corporal: Thembi Rosa
Cenografia: Alexandre Brasil
Trilha Sonora Original: O Grivo
Identidade Visual: Gabriela Abdalla
Luz: Flávia Mafra

Projeto conta também com Imagens e Registros gentilmente cedidos pelos artistas: Bruno Veiga, Julia Pontes, Pedro de Filippis, Leandro Couri, Lucas Bambozzi, Clarissa Campolina, Chris Tassis

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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