Wicked – O Musical estreia sob fortes aplausos a Myra Ruiz, Fabi Bang e elenco no Teatro Renault

Fenômeno dos palcos, Wicked – O Musical custou R$ 19 milhões e vendeu 80 mil ingressos antecipados em sua terceira versão no Brasil
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Com reportagem de
RAPHAEL ARAÚJO BARBOZA
Após muita expectativa e 80 mil ingressos vendidos de forma antecipada, Wicked – O Musical estreou sob fortes aplausos às protagonistas absolutas Myra Ruiz e Fabi Bang, como Elphaba e Glinda, e ao grande elenco, com nomes como Cleto Baccic, Karin Hils, Hipólyto, Arízio Magalhães, Luisa Bresser e Thadeu Torres. O espetáculo que custou R$ 19 milhões tem produção pela segunda vez de Carlos Cavalcanti, do Instituto Artium de Cultura em parceria com o Atelier de Cultura, e direção de Ronny Dutra, brasileiro radicado em Nova York e que dirige pela primeira vez um grande musical em sua terra natal.
Veja quem prestigiou a estreia e artistas nos bastidores em galeria de foto ao fim desta reportagem!

A estreia para o público foi na quinta, 20 de março. Na noite anterior, na quarta, 19, a montagem fez sessão VIP para uma plateia recheada de personalidades. Já na terça, 18, a equipe conversou com a imprensa, com presença do Blog do Arcanjo.
A terceira encenação de Wicked no Brasil, as outras duas foram em 2016 e em 2023, vem após o sucesso enorme do filme Wicked, dirigido por Jon M. Chu, que contou no Brasil com dublagem de Fabi Bang e Myra Ruiz para as personagens feitas em Hollywood Aryana Grande e Cynthia Erivo. O filme Wicked teve dez indicações ao Oscar 2025 e venceu em duas categorias: Direção de Arte e Figurino. O filme estreou em novembro de 2024 e se tornou a adaptação de um musical da Broadway com maior arrecadação na estreia com US$ 165 milhões globalmente.



Wicked é o musical de maior sucesso no Brasil
Em sua terceira passagem pelo Brasil, o musical Wicked acumula mais de 500 mil espectadores. Esteve em cartaz no Teatro Renault, em 2016, quando foi assistido por mais de 340 mil pessoas. Em 2023, passou pelo Teatro Santander, também em São Paulo, recebendo 156 mil pessoas em cinco meses.
A nova versão do musical é inédita e tem novo elenco, cenários, figurinos, iluminação e efeitos especiais. Não custa lembrar que a história que se passa em Wicked é prévia à de Dorothy no filme O Mágico de Oz, e apresenta a história não contada da Bruxa Boa, Glinda, e da Bruxa Má do Oeste, Elphaba.
Wicked – O Musical é apresentado por Comgás, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem patrocínio de Alelo, EMS e Mobilize, além de apoio de Shell e Automob. Radisson Blu São Paulo e Dona Deôla são o hotel e o catering oficial da superprodução.

Terceira montagem de Wicked vem após filme
Desde sua estreia na Broadway em 2003, portanto há 22 anos, Wicked se tornou um dos maiores clássicos da Broadway de todos os tempos. A história viu sua fama aumentar após a adaptação musical nos cinemas de 2024, que conta com o primeiro ato da peça nas telonas. A segunda parte, Wicked: For Good tem previsão de estreia em novembro de 2005.

“Wicked é fenômeno cultural”, diz produtor Carlos Cavalcanti
Um dos grandes produtores de musicais no Brasil, Carlos Antonio Cavalcanti, idealizador do espetáculo e presidente do Instituto Artium de Cultura, comentou sobre a volta do musical aos palcos. “Por que Wicked em 2025? Esse é um musical que saiu do teatro, passou pelo cinema e virou um fenômeno cultural. A campanha de lançamento do filme foi uma das coisas mais impressionantes que se viu na história do cinema e do entretenimento”, recordou.
“E eu devo dizer para vocês que nós não procuramos acessar CCXP para fazer lançamento lá do nosso elenco. Nós fomos procurados e nós fizemos uma parceria incrível com a Omelete. E lá fizemos um número de lançamento e de apresentação do nosso elenco, com figurinos de Elphaba e de Glinda”, lembrou o produtor teatral.
“Quando nós tomamos a iniciativa de batermos o martelo junto ao Teatro Renault de fazer essa temporada, o que foi lá para o final de maio, início de junho de 2024, nós obviamente sabíamos que a primeira parte do filme estrearia no finalzinho de novembro. Mas, não tínhamos indicação nenhuma de como seria o filme, e muito menos do impacto que ele teria para fazer a história muito mais acessível a todas as pessoas que poderiam virar fãs desse espetáculo”, comemora.

Impacto de Wicked
Em seguida, Carlos Cavalcanti ressalta a importância que Wicked ganhou com o tempo: “É impressionante que o mundo de de maio e junho de 2024 já é um mundo completamente diferente de março de 2025. E esse espetáculo, com esse texto teatral da Willine Holzman e essas composições maravilhosas do Stephen Schwartz, está crescendo, ao contrário de outros musicais que surgem, atingem o ápice e depois o declínio. O que se vê em relação ao Wicked, nesses últimos 20 anos, é que ele cresce em importância e ele cresce em popularidade”, pontua Cavalcanti.

“E eu ouso dizer que isso acontece porque o Wicked tem uma história que tem a realidade correndo atrás dessa ficção. O mundo está correndo atrás da ficção, a história está correndo atrás da ficção. E é por isso que esse texto é cada dia mais tão urgente e tão importante. É por isso que os fãs de uma juventude de vinte e poucos anos, até menos, se identificam tão passionalmente com ele. A história de duas meninas, uma que lida com o mundo defendendo suas posições, outra que mostra a habilidade de compor e de exceder. E, como uma vítima de fake news, a ela atribuída por quem está no poder, precisa tornar-se uma fugitiva”, descreve.
“Essa história forte, que é tão pessoal para todos nós, que cria esse fenômeno, fenômeno cultural, esse fenômeno de identificação entre os fãs desse espetáculo. Wicked tinha que voltar ao teatro, que é a terra do Wicked, que é o primeiro território de Wicked, seria algo bastante oportuno. E assim a gente fez”, concluiu.

Ronny Dutra, um diretor radicado em Nova York que estreia em seu país no comando de Wicked
Ronny Dutra, diretor dessa montagem de Wicked, celebra o retorno ao seu país no comando de seu primeiro musical no Brasil. Ele vive em Nova York, onde trabalha no mercado do entretenimento nova-iorquino da Broadway.
“O mundo precisa de Wicked. Independentemente do tempo. Em 2025, a gente precisa do Wicked agora, porque o Wicked fala de um cenário do regime social que é vigente, que é relevante em todos os momentos. Em 2003, foi relevante ali. Em 2050, a versão de Wicked vai ser relevante para o momento que virá. E ouso dizer que No ano 3000, Wicked ainda será relevante”, diz o diretor.

O encenador conta que fez árdua pesquisa para assumir o aclamado musical. “Eu fui atrás, lá a 1900, nos livros de O Mágico de Oz, eu li os livros, eu entendi muita coisa naquele lugar, que é uma sociedade matriarcal. Ela é regida por quatro bruxas, a Bruxa Boa do Norte, a Bruxa Boa do Sul, a Bruxa Má do Leste e a Bruxa Má do Oeste. De repente, chega essa pessoa voando de balão e todos esperam que o enviado vai fazer tudo isso mudar. E, desde isso, eu comecei a entender que Oz tem muita relação com o planeta Terra”, afirma.

“Mas a gente ganha muito em contar essa história de Oz estando em Oz. A ideia do ditador, a ideia dos fake news, a ideia do ‘eu faço tudo isso aqui pra você ver, mas na verdade por trás dos panos é uma coisa muito diferente’. A gente não acha que Oz não é essa coisa toda que a gente acha que seja, mas as pessoas acreditam, querem acreditar. O único jeito de unir o povo é dar a elas um inimigo comum. Essa a história que é tão relevante agora, ainda mais relevante agora do que foi em junho de 2024, quando recebi esse convite de dirigiro espectáculo”, avalia Ronny.

Novidades em Wicked
Quando decidiu fazer Wicked em 2025, Carlos Cavalcanti sabia que a montagem estaria muito próxima da realizada por ele mesmo em 2023. O questão inicial era se o público quereria voltar a Wicked em um tempo tão curto. Contudo, o cinema foi um impulso importante.

“A a gente sabia que o filme teria um forte impacto. E como aqui não é Nova York nem Londres, cidades que recebem dezenas e dezenas de milhões de turistas por ano, o público principal de Wicked é, obviamente, o público que o assistiu em 2016 e em 2023. Foi por isso que fizemos uma nova produção, uma produção completamente diferente. É por que nós não gostamos da produção de 2023? Claro que não. Mas a gente aceitou o desafio até para apresentar uma produção melhor”.
Cavalcanti conta que Ronny Dutra precisou fazer uma sabatina com o criador de Wicked Stephen Schwartz para conquistar o desafio de fazer a nova encenação.

“Eu presenciei com o Stephen Schwartz, em videoconferência, o Ronny apresentando seu projeto de encenação. E fui vendo, apesar da amizade antiga entre o Ronny Dutra e o Stephen Schwartz, o Ronny passando por uma sabatinha e explicando o que pretendia fazer em uma nova produção de Wicked”, recorda o produtor.
“E eu sou testemunha do entusiasmo que o Stephen Schwartz teve naquela reunião, com as perguntas e com as ideias que o Ronny apresentava e partiu daí a história”, lembra.

Wicked – O Musical custou R$ 19 milhões e já vendeu 80 mil ingressos
Para montar um musical da grandeza de Wicked, é preciso muito dinheiro e apoiadores. “Eu já declarei à imprensa que essa é uma produção de custo de R$ 19 milhões, parte disso vem de captação, de patrocínio, cerca de 9 milhões de reais, e os 10 milhões restantes são risco do produtor e responsabilidade do seu capital próprio e isso vai ser buscado no nosso lucro ou na bilheteria”, revela o produtor Carlos Cavalcanti.
“Devo dizer que já estamos ultrapassando esse valor e o Wicked nos dá essas surpresas. Se a gente já tinha feito, em 2023, uma coisa muito, muito especial para um espetáculo que não era um dos espetáculos réplicas da Broadway que sempre estiveram no Teatro Renault, foi a venda de 40 mil ingressos antecipados, aqui, agora, para nossa mais absoluta surpresa em três meses comercializáveis dessa temporada, que também vai durartrês meses, indo de 20 de março até 8 ou 10 de julho, nós já vendemos perto de 80 mil ingressos”, diz Cavalcanti.

“Isso mostra que a nossa decisão de apostar em mais uma produção de Wicked foi correta e que, a partir de agora, o que a gente espera é exclusivamente dar ao público desse teatro o mesmo amor por essa história que já foi manifestado em 2016, quando estreou neste mesmo lugar. Afinal de contas, Wicked volta ao Teatro Renaut no Brasil em 2025 e dessa vez não é uma produção réplica. É isso que mantém e manterá a força de Wicked para muitos e muitos anos, porque eu espero que um dia a realidade se contenha e pare de perseguir essa história. Eu não desejo viver nessa realidade. Eu acho que vocês também não, a realidade dessa história. A gente prefere viver com liberdade, a gente prefere viver com democracia, a gente prefere viver com saúde, com direitos. E é disso que se fala nesse espetáculo, e, portanto, ele é tão oportuno”, complementa.

Semelhanças com o filme não foram propositais, diz diretor
Ronny Dutra ressalta que teve ideias semelhantes para essa montagem àquelas que o diretor Jon M. Chu teve no filme, mas que tudo não passou de uma grande coincidência.

“Eu acho que pessoas da minha idade tem Wicked por esse lugar da interpretação do momento de agora. Então, muitas coisas que ele [Jon M. Chu] fez foram coisas que eu tive a mesma ideia, coisas que eu conseguia conversar com o Stephen até antes de ver o filme. E, sentado aqui com o Stephen, enquanto ele assistia o nosso segundo ato [em exibição especial para o criador], ele falou: ‘caramba, você fez muita coisa que a gente fez no filme’. Isso é muito legal. […] Mas o segundo ato do filme ainda não saiu. Então, o nosso segundo ato vem primeiro. E o filme já foi filmado. Isso não quer dizer que uma coisa é boa ou uma coisa ruim, quer dizer que está aí, as ideias estão no ar, no cosmos, no universo, está onde você quiser acreditar que esteja”.

Ronny Dutra não quis ver o filme até terminar seu processo criativo, para não se influenciar. “Fui convidado para assistir ao filme em setembro, mas eu falei para o Stephen: ‘não, obrigado, eu quero ter a minha visão. Deixa eu terminar o meu estudo. Deixa eu terminar o meu entendimento da obra que eu acredito que vai funcionar para o nosso show. E depois disso, eu gostaria de te apresentar. E depois de te apresentar, eu assisto o filme'”,recorda.

“O show é o show, o filme é o filme. O show não está tentando ser o filme, nunca. Na mesma forma que o filme não está tentando ser o show, o filme é uma adaptação incrível de um show que é incrível. Utilizam elementos cinematográficos que funcionam para aquele meio para contar a mesma história que a gente tá contando aqui no palco com elementos teatrais”, aponta.
Por isso, o diretor não recomenda que o público vá ao musical esperando o filme. Ou vice-versa. “É muito legal ver um efeito de mágica no filme, mas é muito mais visceral ver alguém voando em cima do palco, e mais ainda voando por cima de você”.

Myra Ruiz e Fabi Bang
Carlos Cavalcanti elogia as atrizes protagonistas de Wicked no Brasil: “Mantivemos, tanto em 2023, quanto agora em 2025, o corpo, a espinha, a base deste elenco, que são as atrizes Myra Ruiz e Fabi Bang, que fazem o espetáculo desde 2016. Eu tenho, por essas queridas meninas, uma admiração absurda. Eu vejo o teatro musical no Brasil e no mundo, e vejo a grandeza e o talento impressionante delas no teatro e no teatro musical, o que coloca as duas como grandes embaixadoras de Wicked no Brasil e estão aqui liderando esse elenco mais uma vez com um brilhantismo que é absolutamente fantástico”.

Estrelas dos musicais
Myra Ruiz e Fabi Bang são estrelas do mais alto patamar do teatro musical no Brasil. Elas conquistaram este posto após muito talento demonstrado, inclusive em coros de produções anteriores como Mamma Mia e Cabaret, até serem aprovadas em um batalhão de audições e ganharem o protagonismo de Wicked em 2016. Posto do qual não saíram mais quase uma década depois.

Em janeiro de 2016, quando ensaiavam para a estreia do musical, após terem recebido de presente de Natal em 2015 a notícia que seriam as protagonistas, Myra Ruiz, então com 22 anos, e Fabi Bang, então com 31, conversaram com exclusividade com o jornalista Miguel Arcanjo Prado, então com 34, nos bastidores do Teatro Renault. Em reportagem publicada pelo UOL em 20 de janeiro de 2016, este jornalista escreveu o seguinte:

“Duas atrizes-atletas são as estrelas desta história. Myra Ruiz, 22, e Fabi Bang, 31, foram escolhidas como protagonistas da superprodução e fazem, respectivamente, as bruxas Elphaba e Glinda, habitantes do mundo de Oz –o lendário Mágico é interpretado por Sérgio Rufino, veterano dos palcos que afirma estar adorando “trabalhar pela primeira vez numa superprodução da Broadway”, seu “sonho de infância”.
Os protagonistas receberam seus personagens no fim do ano passado, em uma espécie de presente de Natal antecipado, após maratona angustiante de seis meses de processo seletivo. Desde o começo do ano, ensaiam oito horas diárias, de cinco a seis dias por semana, com o restante do elenco, músicos e a equipe técnica da peça.
“Este ano vou ter vida de monge”, brinca a paulistana Myra, que faz musical há cinco anos, tempo em que acumula duas temporadas de aperfeiçoamento nos Estados Unidos. Lá, estudou em escolas renomadas de Nova York, como o The Lee Strasberg Theatre and Film Institute, lugar pelo qual passaram nomes como Robert de Niro e Angelina Jolie. “Fazia aulas na mesma sala em que eles estudaram”. A jovem atriz já havia atuado em musicais como “Mamma Mia”, “Nas Alturas” e “Nine”. “Foi tudo muito rápido”, admite, sabedora do peso de ser protagonista de uma superprodução. “Nada se compara a esta responsabilidade de ser a Elphaba em ‘Wicked’. Fiz testes desde o início pensando nesta personagem. Era pra ser minha”, diz Myra, com fala centrada, demonstrando maturidade para sua idade.

Fabi Bang define sua bruxa Glinda como “carismática e econômica”. Sobre ser protagonista, vai direto ao ponto: “Estou esperando por este momento há dez anos”. A trajetória foi longa, desde que estreou como bailarina de “O Fantasma da Ópera”, em 2005. “Lembro-me que era louca para usar microfone e poder cantar. Estudei muito e fiz de tudo nos musicais até chegar aqui. Posso dizer que me sinto preparado para este desafio”.
E Fabi tem currículo de estremecer: depois de “O Fantasma da Ópera”, atuou em “Miss Saigon”, “A Bela e a Fera”, “Cats”, “Evita”, “Cabaret”, “Priscilla – A Rainha do Deserto”, “A Família Addams”, “O Homem de la Mancha” e “Kiss me Kate”, até chegar em “Wicked”.
“Quando me ligaram, dizendo que seria a Glinda, estava sozinha em casa e comecei a gritar e chorar ao mesmo tempo. Tentei abraçar meus gatos, mas eles saíram correndo. O jeito foi ligar para minha mãe, aos prantos”, lembra a carioca Fabi Bang, que vive há uma década em São Paulo.


Elphaba e Glinda com tempero brasileiro
Convivendo com Elphaba há dez anos em sua vida, desde que começou a fazer as primeiras audições para Wicked em 2015, Myra Ruiz revela como foi ver o filme. “Wicked já furou a bolha e agora vai furar mais ainda aqui no Brasil. Então, eu estou ansiosa pra ver o que vai ser toda essa nova leva de fãs, de pessoas que virão assistir. Os comentários na internet são muito engraçados. As pessoas que não conhecem muito bem a história ou ficam confusas, eu fico dando risada”, brinca.

A performance arrebatadora de Cynthia Erivo como Elphaba, a quem dublou nos cinemas, a inspira: “Me senti mais inspirada do que nunca com a interpretação dela. Tão linda, tão profunda, tão forte”, define.
Em relação a não cair em repetições com suas interpretações passadas, Myra detalhou: “Olha, o jeito de não repetir, eu acho que é me manter muito viva no dia a dia, no espetáculo, é eu ter essa troca com os meus colegas. A Madame Morrible é outra, o Mágico é outro, o Fyiero é outro. Então, eu foco em manter viva essa conexão e criar minha Elphaba através dos meus colegas. Foi essa forma que eu encontrei de não engessar, de não só fazer a mesma coisa”.

Myra revela que se manteve atenta durante os ensaios. “Às vezes, eu me via caindo nas intenções que eu fazia só porque estavam dentro do meu corpo, e aí eu me perguntava, saía do ensaio, e falava: ‘será que eu fui nesse lugar?’. Quando eu não estou totalmente presente em cena, o que acontece às vezes em ensaios e tal, eu via que saía a Elphaba antiga, automática. E aí eu tenho que sempre manter isso vivo e, tipo, falar, ‘espera, deixa eu viver um momento com esse Fyero, com essa Morrible, e esse é o jeito que eu mantenho o meu negócio”, avalia.
“E também eu estou cada dia mais velha [risos]. Então, eu sinto que tem a Elphaba ‘Wizard and I’, tem a Elphaba de ‘Defying Gravity’ 3 tem a Elphaba ‘No Good Deed’, e eu estou meio, ‘No Good Deed,’ nessa fase da minha vida. Aprendendo a falar não para certas coisas, aprendendo a dar limite na vida, então, meio é uma fase de emancipação que vai sempre acontecendo com a mulher, então, eu estou muito inspirada nesse sentido. Eu nasci com uma Elphaba ‘Wizard and I’ e fui me desenvolvendo. Talvez essa vai ser a Elphaba 3.0”.
Por fim, ela cita seu momento favorito da nova montagem: “‘No Good Deed’. Vocês vão ver, está muito legal. Tudo é muito legal, eu tô muito feliz com essa montagem, mas o ‘Todo Bem Tem o Seu Preço’, está arrebatador. Stephen Schwartz amou, olha o spoiler, então, acho que é esse o momento que eu espero todas as noites”.

Fabi Bang também sempre busca novo frescor para sua Glinda, sobretudo após dublar a personagem interpretada por Ariana Grande nos cinemas, e buscar compreender “uma outra temperatura” para a personagem tão conhecida por ela e pelos brasileiros.
Fabi Bang vê o sucesso do filme como uma continuação de “uma história que também construímos no Brasil”. “Se hoje o público brasileiro tem essa proximidade e amor por Wicked, eu acho que posso dizer que dei minha contribuição nessa história”, diz.

No cotidiano, ela busca nas novidades da nova encenação e nos novos colegas de trabalho, elementos para sua Glinda. “Sempre tem um desafio novo, uma plateia nova, atores em cena que vão ter um jogo de cintura com a plateia do dia, então, é sempre um novo jogo, apesar de ser a mesma história”, diz.
Por fim, a estrela reforça a importância deste musical.
“Wicked é um musical transformador. Foi assim comigo, em minha vida, e é assim com cada um que vem ao teatro assistir. Então, eu quero convidar todos a virem aqui para o Teatro Renault e se emocionarem com essa história tão forte chamada Wicked”, convida, antes de seguir rumo às coxias.

Brasil no topo dos musicais
Para Ronny Dutra, que dirige as dupla de sucesso na terceira versão de Wicked no Brasil, as Myra Ruiz e Fabi Bang eram indispensáveis. “A escolha já foi feita pelo Brasil, a escolha foi feita pelos fãs desde 2016, então foi um processo de audição baseado nisso. Nós temos duas atrizes no topo do teatro musical brasileiro, que são a nata da nata da nata da qualidade que a gente consegue ter”, elogia.
“Além da Myra e da Fabi, a gente tem um elenco absolutamente incrível, uma força artística como eu nunca vi, e não perdemos em absolutamente nada na qualidade de interpretação, na qualidade vocal, na qualidade de dança, na qualidade de produção, das pessoas da Broadway. O Brasil é o terceiro maior mercado de teatro musical do mundo, perdendo apenas para a Broadway em Nova York e para o West End em Londres. Então, a gente está no mesmo nível de performance. Tem muito, muito, muito amor em nós também”, define o diretor.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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