Festival de Curitiba abre com 90% dos lugares esgotados e expectativa de 200 mil pessoas

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba
“As pessoas correm para comprar o ingresso do Festival de Curitiba”, disse a coordenadora de Comunicação do evento, Dani Zaha, para Fabíula Passini, que dirige ao lado de seu idealizador, Leandro Knopfholz. Se num primeiro momento, Fabíula achou que Dani utilizava uma metáfora, mas logo viu que tratava-se de algo literal, quando observou de perto a abertura da bilheteria oficial do maior evento das artes cênicas na América Latina. “As pessoas estavam correndo realmente, não era exagero da Dani, recorda.

Tal paixão do público curitibano pelo mais tradicional evento cultural do Paraná fez com que 90% dos ingressos da Mostra Lucia Camargo, que concentra os principais espetáculos, se esgotassem antes mesmo do começo do 33° Festival de Curitiba, nesta segunda-feira, 24 de março. Até 6 de abril, serão mais de 350 espetáculos em 70 espaços de Curitiba e sua região metropolitana. A expectativa é de público de 200 mil pessoas. O evento conta com apresentações da América Latina e das cinco regiões do Brasil, fato comemorado pelos diretores Leandro Knopfholz e Fabíula Passini, na primeira coletiva na Sala de Imprensa Ney Latorraca, que homenageia o grande ator que morreu no ano passado, montada no Hotel Mabu, na Praça Santos Andrade, onde fica o QG do evento.

Além de Ney Latorraca, também foi lembrado o jornalista Cristiano Luiz Freitas, que integrava a equipe de assessoria de imprensa do Festival de Curitiba, sob comando de Maximilian Santos. Cristiano foi assassinado aos 46 anos 20 dias antes do começo do evento. “Queremos prestar nossas homenagens ao nosso querido amigo”, disse o jornalista Sandro Moser, antes de prosseguir com as entrevistas do dia. “Temos uma equipe fantástica de produção e de comunicação no Festival de Curitiba”, elogiou Leandro Knopfholz.
O diretor do evento ressaltou que o Festival de Curitiba é para todos. Na visão do idealizador, o evento mantém-se longe da briga política ou de questões ideológicas, já que “por ele não passam questões que dividem”, reforçando que o foco é a arte que une a todas as pessoas.

“Trazemos para a cidade, na época do aniversário de Curitiba, o teatro de todas as formas”, fala, lembrando que o evento ainda dialoga com outras áreas, como a comida no Gastronomix, os números circenses e de magia no Mish Mash, o humor stand up no Risorama, o pensamento acadêmico no Interlocuções, as crianças no Guritiba, e a inclusão e acessibilidade na Mostra Surda de Teatro. “Temos 98 mil surdos morando em Curitiba”, recorda Fabíula Passini, reiterando que esse público também tem o direito de ter uma programação que dialogue com eles.

O encontro também foi prestigiado pela presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, que representou a ministra da Cultura, Margareth Menezes. “O maior beneficiado com a Lei Rouanet é a população. Os artistas são o meio pelo qual a política pública cultural se realiza e trazem a arte como um direito da população”. Os diretores do evento agradeceram o empenho de Maria Marighella em ajudar nos trâmites burocráticos para que o Festival de Curitiba conseguisse ser viabilizado.

Leandro Knopfholz celebrou o apoio nas três esferas, municipal, com a Prefeitura de Curitiba, estadual, com o Governo do Paraná, e federal, com o Ministério da Cultura e Petrobras. Ele celebrou que, após anos ausente, a Prefeitura de Curitiba volta a apoiar o evento, com participação de três secretarias: Turismo, Cultura e Comunicação.
Para o gestor cultural, o maior desafio é sempre o planejamento, já que os apoios e patrocínios chegam em cima da hora. Ao lado de Fabíula, Leandro celebrou a volta da Petrobras como principal parceiro viabilizador do Festival de Curitiba, por meio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.

Sobre o espetáculo de abertura, Os Mambembes, Leandro Knopfholz lembrou que ele tem no elenco um nome fundamental na história do evento. “O Paulo Betti foi o primeiro nome reconhecido nacionalmente a gravar um vídeo em apoio ao Festival de Curitiba em 1991. Queríamos apresentar o projeto para possíveis patrocinadores, e ele foi generoso e fez um vídeo nos endossando”, recorda.

O evento abre nesta noite de segunda, 24 de março, com Os Mambembes no Teatro Positivo, com Cláudia Abreu, Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Leandro Santanna, Orã Figueiredo e Paulo Betti em texto de 1904 de Arthur Azevedo. A apresentação da noite será do carnavalesco Milton Cunha. “A peça de abertura fala sobre os artistas do teatro, sobre os produtores, e tem um pouco de tudo que o Festival de Curitiba faz”, finaliza Fabíula Passini.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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