Festival de Curitiba espera até R$ 18 milhões em negócios no teatro após Rodada de Conexões

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba
A terceira edição da Rodada de Conexões marcou o 33º Festival de Curitiba, com o objetivo de estimular a economia criativa e promover negócios futuros dentro do teatro brasileiro. O evento promoveu o encontro entre companhias de teatro e mais de 30 programadores e curadores de diversas partes do Brasil, todos em busca de novos projetos. Realizada no edifício da Caixa Cultural, a Rodada ocorreu nos dias 3 e 4 de abril, das 10h às 13h.
Mais de 70 participantes registrados participaram neste ano, gerando mais de 380 oportunidades de negócios que deverão movimentar, nos próximos meses, entre R$ 14 e R$ 18 milhões, de acordo com estimativas da Realize Hub, empresa especializada em inteligência de mercado e parceira do evento.
Já o Festival de Curitiba teve mais de 200 mil pessoas, que aproveitaram as 350 atrações da programação nos 14 dias seguidos de eventos, movimentando aproximadamente R$ 50 milhões na economia de Curitiba e região.
A Rodada de Conexões reuniu profissionais que exploram novas propostas artísticas para enriquecer as programações de instituições culturais e festivais. Nesta edição, além de brasileiros, participam programadores internacionais de Chicago (EUA) e Córdoba (Argentina). Os artistas e grupos de teatro pré-selecionados tiveram a oportunidade de apresentar seus portfólios e espetáculos.
As interações foram facilitadas por um sistema de “match” que conectou interesses mútuos, levando a conversas diretas entre os participantes. Durante o evento, os programadores também fizeram visitas técnicas a companhias curitibanas e acompanham a programação da 33ª edição do Festival de Curitiba.
“A Rodada de Conexões reforça a ideia de que a Mostra Fringe é uma vitrine da produção independente do teatro no Brasil”, afirma Fabiula Passini, diretora do Festival.

Previsão de negócios
Fabiula Passini, diretora do Festival de Curitiba, comemorou os avanços da edição deste ano, destacando que, pela primeira vez, alguns espetáculos foram confirmados para outros festivais logo durante as rodadas de conversa. “Me surpreendeu que algumas conexões deram certo, já, logo no início. Recebemos depoimentos de programadores que sabem exatamente quais espetáculos vão levar para seus festivais. Isso não tinha acontecido na outra edição. Pelo menos umas dez negociações saíram da própria rodada ali, no momento das conversas. Isso nunca tinha acontecido antes, então é super positivo.”
Outro aspecto que demonstra o crescimento e a importância do evento, segundo Fabiula, é a antecipação da procura por parte dos programadores interessados em participar da Rodada de Conexões. “Fiquei muito feliz em ver como a Rodada vem se consolidando ao longo dos anos. Agora, os programadores estão buscando o evento com mais antecedência para garantir a participação e não ficar de fora. Esse interesse crescente é um reconhecimento do impacto real que a Rodada tem gerado no cenário cultural.”
Novas abordagens e experimentações
A produtora Soraya Portela, do Trisca Festival (Piauí) e Instituto Punaré, destacou a importância desses eventos para expandir o olhar e as possibilidades de curadoria, especialmente por possibilitar o encontro de atrações que dialoguem com diferentes contextos culturais. “Me interessei muito por um espetáculo que fala do contexto andino, porque tem muita familiaridade com o território onde vivo, repleto de tradições, lendas sobre rios, fogo, floresta e natureza”, afirmou. Para ela, a Rodada de Conexões do Festival de Curitiba também é um primeiro passo para novas parcerias: “Não funciona apenas para levar para o seu contexto específico, mas também para compartilhar e indicar essas para outros festivais, construir uma rede”.
Os artistas Vitor Berti e Ju Herculano, da Companhia Dupla Face, trouxeram para a Rodada de Conexões um formato inovador de apresentação, seu espetáculo “Vivenda” é baseado no teatro de improvisação. “Acredito que conseguimos gerar conexões reais. Trocamos contatos e teremos novas possibilidades para apresentar nossa proposta”, conta Berti. Já a parceira de companhia, Ju, complementa que a improvisação é uma linguagem que nem sempre é levada para Festivais e estar no evento foi importante nesse sentido “Ver o interesse dos programadores foi muito motivador”, diz.
Marcelino Castillo, diretor-geral do Girart, Puerta al Mundo, explicou que para ser artista hoje e querer entrar firme nesse circuito é preciso investir muito, montar um bom portfólio, um vídeo de qualidade e estar presente em feiras e mercados.
Segundo ele, o Festival de Curitiba com a iniciativa das Rodadas facilita muito esse aspecto. “Participar dessa imersão com uma equipe de produtores culturais disponíveis para apresentar os projetos têm um valor imenso. É muito mais do que facilitar o caminho, é uma questão de propor verdadeiras conexões”, enfatizou.
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Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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