★★★ Crítica: Rocky faz palco virar ringue com história de superação do lutador icônico do cinema

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★★
ROCKY
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Sexta, 20h30, sábado e domingo, 15h30 e 19h30. Até 18/5/2025
033 Rooftop – SP – Compre seu ingresso!
O 033 Rooftop costuma abrigar produções musicais nada óbvias e apostar em um teatro mais imersivo. Isso pode ser dito do musical Rocky, que deixa de lado o glamour arco-íris da Broadway para tentar ser um ringue de testosterona com o pugilista mais famoso do cinema.

Sob a batuta da Del Claro Produções e patrocínio do Ministério da Cultura e Zurich Santander, a obra revive a icônica história de Rocky Balboa, que rendeu a saga de seis filmes em Hollywood a Sylvester Stallone, também roteirista do longa original.
A adaptação para os palcos estreou na Alemanha em 2012, e dois anos depois na Broadway. O texto é de Thomas Meehan e Sylvester Stallone, adaptado no Brasil por Rafael Oliveira.

A música original é de Stephen Flaherty com letras de Lynn Ahrens, mas não se aproxima do apelo das clássicas Gonna Fly Now e Eye of the Tiger, defendida com garra por Aline Cunha, intérprete de Gloria, na abertura do segundo ato.
O roteiro é inspirado no primeiro Rocky, clássico de 1976 e também da Sessão da Tarde nos anos 1980 e 1990. Não custa lembrar que, assim como Rambo, o filme era venerado pelos garotinhos mais viris, enquanto que os mais sensíveis (que os viris costumavam socar no recreio da escola) preferiam as coreografias de Flashdance.
Mas, voltemos a Rocky. A montagem brasileira é comandada pela experiente e premiada dupla Fernanda Maia, na direção musical, e Zé Henrique de Paula, na direção geral.
A direção faz arriscada aposta na escalação de um elenco com tessituras diferentes às dos atores do filme. O foco parece estar nas cenas dramáticas, que em muitos momentos se prolongam, e o espetáculo pouco utiliza o onírico de grandes coreografias com ensamble.

A encenação foca na jornada do lutador azarão da Filadélfia, Rocky Balboa (Daniel Haidar), e seu amor pela jovem Adrian (Lola Fanucchi), que pena com o irmão agressivo Paulie (Cleomácio Inácio).
Para a alegria dos fãs, o musical reproduz, a seu modo, cenas clássicas do filme. Está lá o o árduo treino sob comando do velho lutador Mickey (o seguro Eduardo Silva, grande destaque do elenco). Bem como a visceral luta final com o arrogante Apollo Creed (Hector Marks), mas que a encenação faz lembrar o clipe de YMCA, do Village People.

O elenco forja novos trejeitos a personagens que habitam o imaginário. Abraçando o protagonista com evidente garra, Daniel Haidar traz vulnerabilidade ao seu Rocky, que é mais frágil do que o Balboa de Stallone. Lola Fanucchi, como a namorada Adrian, apenas cumpre a função de ser o par romântico.
Ainda estão em cena Aline Cunha, Larissa Carneiro, Vanessa Espósito, Mari Rosinski, Eduardo Leão, Bruno Sigrist, Renato Caetano, Davi Novaes, Tiago Dias e Bruno Ospedal.
Rocky não se limita à reprodução nostálgica do filme, mas busca unir a força bruta do boxe à fragilidade humana, sem deixar de criar uma nova experiência a quem já conhece o filme e apresentando ao novo público uma velha história de amor e de superação. Se parecia impensável unir teatro musical e boxe, o musical nos lembra que tudo é possível em cima de um palco.
★★★
ROCKY
Avaliação: Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Sexta, 20h30, sábado e domingo, 15h30 e 19h30. Até 18/5/2025
033 Rooftop – SP – Compre seu ingresso!
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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