★★ Crítica: Aqui tem excesso de IA em reencontro morno de Tom Hanks e Robin Wright com diretor de Forrest Gump

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
★★
AQUI
Avaliação: Regular
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Filme visto em 13/01/2025 no Cine Marquise – São Paulo. Here, EUA, 2024, drama, 104 min. Direção Robert Zemeckis. Com Tom Hanks, Robin Wright, Kelly Reilly, Michelle Dockery e Paul Bettany. Estreia em 16/01/2025 nos cinemas. Distribuição: Imagem Filmes.
O aguardado reencontro dos atores Tom Hanks e Robin Wright com Robert Zemeckis, o mesmo diretor com o qual fizeram o clássico Forrest Gump (1994), prometia muito. Contudo, para melhor apreciar Aqui, é necessário abandonar o excesso de expectativas. Afinal, trata-se de um filme regular e morno, longe da genialidade de Forrest Gump. Se assistido com menos pretensão, o longa até entrega um relato sobre a vida e a passagem do tempo, mas, de tão picotado, ele expulsa seu espectador de uma conexão profunda. O filme parte de uma perspectiva estática: uma câmera parada num mesmo lugar diante da qual o tempo passa por milênios, com a maior parte do longa concentrada na segunda metade do século 20, narrando a saga de uma típica família branca norte-americana de classe média. Um incômodo é o excesso de utilização de inteligência artificial, inclusive nas poucas cenas externas, de ares robóticos, com figurantes criados por IA — artistas de carne e osso sempre serão melhores do que figuras sem vida que parecem saídas de um video game. O filme até tenta dialogar com a diversidade, inserindo uma família indígena e outra família negra que habitaram o mesmo espaço em tempos diferentes, mas tal aproximação soa forçada, e as etnias são subrepresentadas no todo do longa, sem qualquer desenvolvimento destes personagens. O filme parte da graphic novel de Richard McGuire. Passado, presente e futuro convivem naquele espaço imutável, a sala da casa onde o casal Richard (Tom Hanks) e Margaret (Robin Wright) — que parecem com bonecos de cena nas cenas em que são rejuvenscidos por IA como bem definiu o perspicaz jornalista André Nunes — constrói sua vida ordinária, enquanto abre mão de antigos sonhos. Diante desta família e o lugar que testemunha aquela história, o espectador é levado a refletir também sobre suas relações familiares, a passagem inexorável do tempo e, sobretudo, a vida que acontece enquanto estamos insatisfeitos com ela. Tal lição é o que vale a ida ao cinema e, ao fim de Aqui, paira certa emoção quando, finalmente, a câmera se move para seguir o fluxo da vida, não fosse esta, mais uma vez, criação de IA.
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Equipe fala sobre Aqui
Eu morava em uma casa com centenas de anos de idade. Olhei para as paredes e pensei nas vidas que passaram por aquele mesmo lugar: as alegrias, as tristezas, as tribulações. As paredes permanecem, mas as histórias mudam. A tecnologia permite que atores extraordinários como Tom Hanks e Robin Wright interpretem seus personagens desde a juventude até a velhice, evitando que o público tenha que imaginar que outra pessoa representa o mesmo mais jovem. Isso cria uma conexão emocional muito mais poderosa.”
Robert Zemeckis
diretor
Richard, meu personagem, vive à sombra da ameaça do dinheiro e dos sacrifícios que isso implica. Essa tensão permeia todo o filme.”
Tom Hanks
ator
Aqui é como reunir a banda novamente.
Robin Wright
atriz
Aqui é um filme de viagem no tempo onde o espaço é constante. Os estilos mudam, as pessoas vão e vêm, mas a geometria da sala permanece inalterada.”
Jack Rapke
produtor
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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