★★★★ Crítica: Rio Uphill – O Musical transforma o morro em Broadway

Bhener, Carol Botelho e Cadu Libonati brilham em Rio Uphill – O Musical © Rafa Marques Blog do Arcanjo 2025

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

★★★★
RIO UPHILL – O MUSICAL
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

O morro tem vez. Os profissionais do teatro musical sempre desejaram musicais originais brasileiros tanto em dramaturgia quanto em letra e música. Por isso, é importante celebrar cada produção que surge neste sentindo e abre caminhos para um maior amadurecimento do mercado. Afinal, elas demonstram que histórias brasileiras podem e devem ser contadas à la Broadway, convivendo harmoniosamente com os títulos internacionais. Rio Uphill – O Musical, no Teatro VillaLobos em São Paulo, realiza tal façanha após sucesso carioca. Leva para os palcos a ambientação das favelas, para contar uma típica história de amor do Rio: entre uma jovem do morro e um menino do asfalto, situação comum na Cidade Partida, como bem definiu o escritor Zuenir Ventura. A brasilidade exuberante é a alma deste espetáculo que, ironicamente, é um musical brasileiro completamente desenvolvido nos Estados Unidos, pela carioca lá radicada Juliana Pedroso ao lado do consagrado estadunidense Matthew Gurren, também responsável pelas letras e pelas músicas, compostas com o brasileiro radicado em Nova York Nanny Assis. Coube ao jovem diretor Gustavo Barchilon, que vem dirigindo musicais relevantes e premiados nos últimos tempos, levar o texto adaptado e concebido pela própria Juliana Pedroso, sob atualizada versão de Talita Real, aos palcos nacionais. A encenação confere ainda mais dinamismo e frescor jovem à história, atenta às questões sociais do aqui e agora. No elenco protagonista, a típica malemolência carioca que Cadu Libonati imprime ao seu bon-vivant Daniel constrasta com o desamparo de seu amigo do morro Miguel, na construção mais sutil de Bhener, que canta muito bem. Com mais energia e domínio de cena, Carol Botelho é o grande destaque do elenco e brilha como a irmã de Miguel que encanta Cadu, a obstinada vestibulanda para Medicina Júlia, que se apaixona pelo jovem que vive à beira mar quando este passa temporada em sua casa no morro. Andrea Marquee, que fez história na representatividade negra no teatro musical brasileiro ao protagonizar Aída em 2008, confere altivez e dignidade à Dona Lúcia, uma típica mãe solo batalhadora do morro. O elenco diverso e apaixonado conta ainda com Priscila Araújo, Kaue Penna, Júlia Perré (espevitada que só ela), VN Rodrigues, Sankofa (dono de voz que impõe respeito), Rafael de Castro, Osmar Silveira, Ana Elisa (atriz obstinada em cena), Carol Donato, Jessica Santos, Peter, Vicenthe Oliveira, Bruno Boer, Gabi Germano, Léo Aruom e Lucas Alfred. A única humilde observação propositiva deste crítico seria quanto ao texto, que poderia ter sido um pouco mais trabalhado em suas soluções. Em alguns momentos, a dramaturgia incorre em reducionismos, como a forma que apresenta a família rica, ou acelera por demais. Exemplo: a cena do resultado do vestibular de Júlia, após tanta expectativa, soa pouco explorada dramaticamente. Teria sido mais impactante ver a ação da descoberta do que a narrativa. De todo modo, uma coisa é certa: o vigor e autenticidade deste elenco e a iniciativa brilhante e corajosa de Juliana Pedroso e de todo o time criativo que a abraçou são a força motriz deste espetáculo brasileiríssimo e que descortina um Rio lado B, aquele que vê a Cidade Maravilhosa do alto da laje. Destaque para a direção musical inventiva de Carlos Bauzys e as coeografias primorosas de Gabriel Malo e Nyandra Fernandes, que navegam por ritmos nacionais como samba, forró, rap e funk, com direito a muito passinho. Sob direção de produção de Thiago Hofman e ralização da Barho Produções e JMP Produções, com patrocínio master da Petrobras e patrocínio da CSN, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, Rio Uphill – O Musical constribui com o teatro musical brasileiro e mostra que a diversidade de nossa gente, gente esta que muitas vezes é relegada apenas às coxias, pode ocupar um palco no estilo Broadway e estar nos holofotes.

★★★★
RIO UPHILL – O MUSICAL
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

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RIO UPHILL – O Musical
Local: Teatro Villa-Lobos – Shopping Villa-Lobos
Endereço: Av. Drª Ruth Cardoso, 4777 – Jardim Universidade Pinheiros – São Paulo – SP
Temporada: 18 de janeiro a 16 de fevereiro de 2025
Dias: Sextas às 20h / Sábados às 17h e 20h / Domingos às 15h e 18h
Duração: 100 minutos
Capacidade: 720 pessoas

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RIO UPHILL – O MUSICAL

FICHA TÉCNICA:

Diretor Artístico: Gustavo Barchilon

Concepção: Juliana Pedroso

Diretor de Produção: Thiago Hofman

Autores: Juliana Pedroso e Matthew Gurren

Compositores: Nanny Assis e Matthew Gurren

Arranjos: Nanny Assis, Matt Gurren e Carlos Bauzys

Letras: Matthew Gurren

Diretor Musical e Orquestrador: Carlos Bauzys

Assistente de Direção Musical: Marcelo Farias

Cenógrafa: Natália Lana

Cenógrafo Assistente: Victor Aragão

Versionista: Talita Real

Coreógrafos: Gabriel Malo e Nyandra Fernandes

Assistente de Coreografia: Paty Athayde

Figurinista: Ana Elisa Schumacher

Designer de Som: Paulo Altafim

Desenho de Luz: Maneco Quinderé

Visagista: Feliciano San Roman

Produtora de Elenco: Giselle Lima

Consultora de Representações Raciais e de Gênero: Deborah Medeiros

Assistente de Direção: Isabel Castello Branco

ELENCO:

Cadu Libonati – Daniel

Carol Botelho – Julia

Bhener – Miguel

Andrea Marquee – Dona Lúcia

Priscila Araújo – Bonita

Osmar Silveira – Bruno / Cover Daniel

Ana Elisa Schumacher – Larissa

Kaue Penna – Carlito / Cover Miguel

VN Rodrigues – Bolade

Bruno Sankofá – Álvaro

Rafael de Castro – Hugo e Sérgio

Julia Perré – Gabi / Cover Julia

Carol Donato  – Mari e Ensemble / Cover Larissa

Jessica Santos – Ensemble / Cover Dona Lucia e Bonita

Vicenthe Oliveira – Ensemble / Cover Bruno e Bolade

Peter – Ensemble / Cover Carlito

Léo Aruom – Bailarino

Lucas Alfred – Bailarino

SERVIÇO:

RIO UPHILL – O Musical

Local: Teatro Villa-Lobos – Shopping Villa-Lobos

Endereço: Av. Drª Ruth Cardoso, 4777 – Jardim Universidade Pinheiros – São Paulo – SP

Temporada: 18 de janeiro a 16 de fevereiro de 2025

Dias: Sextas às 20h / Sábados às 17h e 20h / Domingos às 15h e 18h

Duração: 100 minutos

Capacidade: 720 pessoas

Editado por Miguel Arcanjo Prado

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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