Diretor aposta no antimusical e cria regras do novo gênero

Nada de arco-íris ao fim: Diogo Pasquim, Carol Hubner, Haroldo Miklos e Juan Manuel Tellategui em cena de “Enquanto as Crianças Dormem”, o antimusical tragicômico de Dan Rosseto que estreia em 31 de maio no Teatro Aliança Francesa, em São Paulo – Foto: Leekyung Kim

Por Miguel Arcanjo Prado

Os musicais conquistaram de vez os brasileiros nos últimos anos. Afinal, espetáculos do gênero estão sempre com casa cheia e já demonstraram versatilidade ao assumirem variadas vertentes: do importado da Broadway aos que fazem referências a estrelas e gêneros musicais nacionais. Mas, toda tese tem sua antítese.

Por isso, o diretor e dramaturgo paulistano Dan Rosseto resolveu apostar em um novo gênero teatral: o antimusical. O artista vai apresentá-lo ao público paulistano no próximo dia 31 de maio, quando estreia “Enquanto as Crianças Dormem”, chamado por ele de “um antimusical tragicômico”.

A obra fica em cartaz às quartas e quintas, às 20h30, entre 31 de maio e 27 de julho, com ingresso a R$ 50, no Teatro Aliança Francesa (r. General Jardim, 182, metrô República), em São Paulo.

Os atores Haroldo Miklos e Juan Manuel Tellategui em cena de “Enquanto as Crianças Dormem”: os sonhos de Broadway podem se tornar um terrível pesadelo na peça de Dan Rosseto – Foto: Leekyung Kim

Sonho de ir para a Broadway

Rosseto conta que a peça conta a história de Kelly, vivida pela atriz Carol Hubner. “Ela é fã do musical ‘O Mágico de Oz’ e trabalha como atendente de uma rede de fast-food. Então, passa seus dias sonhando em imigrar para os EUA e brilhar na Broadway”, adianta.

Como o desejo é algo distante da realidade da moça, ela fantasia tanto que a lanchonete se transforma em seu grande palco. Contudo, logo, conhece Ellen, papel de Carolina Stofella, que promete lhe ajudar a ir para Nova York. O problema é que esse sonho pode se tornar um terrível pesadelo.

No elenco ainda estão os atores Diogo Pasquim, Haroldo Miklos eJuan Manuel Tellategui, além de João Sá, Roque Greco e Samuel Carrasco.

Estrela dos musicais, Fred Silveira assina a trilha original de “Enquanto as Crianças Dormem” – Foto: Divulgação

Peça tem trilha de Fred Silveira, estrela dos musicais

Apesar de se opor no conceito aos musicais tradicionais, o espetáculo dialoga com nomes importantes do gênero no Brasil.

Na assinatura da trilha sonora original está Fred Silveira, ator, cantor e compositor que é uma das estrelas dos musicais nacionais. Ele protagonizou no ano passado a superprodução “My Fair Lady”, dirigida por Jorge Takla, e atualmente protagoniza “Forever Young”, com direção de Jarbas Homem de Mello.

A equipe ainda tem Kleber Montanheiro, outro nome tarimbado dos musicais — ele dirige a Cia. da Revista, esteve no ano passado em “Hoje É Dia de Maria” e dirige atualmente Amanda Acosta, outra estrela do gênero, no show “Alô Alô Theatro Musical Brazileiro” —, assinando os figurinos, com assistência de Marina Borges.

Os atores Diogo Pasquim, Carol Hubner, Haroldo Miklos e Juan Manuel Tellategui em “Enquanto as Crianças Dormem”, de Dan Rosseto: nomes com experiência no teatro, cinema e TV – Foto: Leekyung Kim

Elenco tem nomes com farta trajetória

Diretor experiente da cena paulistana, Dan Rosseto se reuniu de uma equipe com farta trajetória, a começar dele mesmo, que já dirigiu musicais elogiados por público e crítica, como “O Primo Basílio”, “Lisbela e o Prisioneiro” e “Hoje É Dia de Maria”.

Carol Hubner, a protagonista, já atuou em 12 espetáculos, como na recente comédia de sucesso “A Banheira”, uma novela e seis filmes, com passagem pelo Grupo Tapa e já trabalhou com nomes como Fátima Toledo e Fernando Meirelles.

Já Carolina Stofella, a antagonista, esteve na peça ganhadora do Prêmio Shell “Viagem ao Centro da Terra”. E ainda tem experiência em cinema, no qual fez “Histórias Íntimas de Julio Lellis”, longa premiado no Rio e em Los Angeles.

Nome internacional do elenco, com presença no teatro e no cinema de Buenos Aires e de São Paulo, o argentino Juan Manuel Tellategui tem três longas argentinos e três brasileiros no currículo, além da primeira série da Warner no Brasil, “Manual para Se Defender de Aliens, Ninjas e Zumbis”. Ele ainda integrou o renomado grupo catalão La Fura dels Baus.

Diogo Pasquim, por sua vez, fez parte de diversas montagens do premiado Grupo Gattu e trabalhou com Gerald Thomas, além de ter estudando no Teatro Escola Célia Helena e integrado obras de Nelson Rodrigues como “Viúva, porém Honesta”, “Doroteia” e “Boca de Ouro”.

Haroldo Miklos, também passou pelo Grupo Tapa e atua também como produtor de cinema. Ele produziu o filme “Sorte e Fortuna”, selecionado no Festival de Cannes em 2016, e atuou em “A Ordem do Caos, ou…”, selecionado em Cannes neste ano.

Equipe múltipla nos bastidores

Produzido pela Applauzo e Lugibi, com direção de produção de Fabio Camara e produção executiva de Roque Greco, a peça tem Luiza Curvo na criação de cenário e adereços, com assistência cenotécnica de Domingos Varela. A iluminação é de César Pivetti e Vania Jaconis.

Já Amazyles de Almeida preparou o elenco, enquanto Alessandra Rinaldo e João Sá dirigiram os movimentos e as coreografias. A montagem ainda tem operação de luz e som de Jackson Oliveira e design gráfico de André Kitagawa e Francine Kunghel, além de fotografia de Leekyung Kim.

Dan Rosseto, autor e diretor de “Enquanto as Crianças Dormem”: ele criou dez regras de um antimusical – Foto: Divulgação

Dez Regras do Antimusical, por Dan Rosseto

Provocador artístico, Dan Rosseto criou uma lista com as Dez Regras de um Antimusical. Veja só:

1 – Oposição ao gênero; contraditório, cruel, trágico, farsesco.

2 – Crítica irônica aos modelos vigentes de musicais estrangeiros.

3 – A base da narrativa é o texto e não as composições musicais.

4 – Nas cenas onde há coreografias, a dança não é o elemento principal.

5 – As músicas são divididas entre: composições com letras originais e músicas conhecidas.

6 – Não sobrepor a teatralidade do espetáculo com recursos e aparatos técnicos como: amplificação da voz cantada (uso de microfone).

7 – Quando há microfonação a sua utilização é para recursos que não o canto.

8 – Equipe reduzida (staff e elenco).

9 – Reutilização de figurinos originais utilizados em musicais tradicionais.

10 – Atores com nenhuma ou pouca experiência em musicais.

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