Marina Sena sobe ao pódio da música com De Primeira

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
De Taiobeiras para o mundo. A frase sempre soou completamente verossímil a quem viu Marina Sena cantar. Após trajetória de farto diálogo com grandes músicos nos grupos A Outra Banda da Lua e Rosa Neon — sim, ela já teve duas bandas e ao mesmo tempo —, agora é a vez da mineira nascida na divisa do Norte de Minas com o Vale do Jequitinhonha, terra de arte farta, ganhar voo solo com a chegada de seu primeiro disco do qual é dona por completo, De Primeira.
O título ela pega emprestado de uma expressão de sua avó, Dona Stelina. Mais mineiro, impossível. Mas o charme de Marina, assim como do conterrâneo Guimarães Rosa, é imprimir universalidade ao que lhe é intrínseco. “Quero que meu som ultrapasse a barreira da língua e atinja o mundo inteiro, pessoas que vão se levar pelo ritmo, pela melodia, e que vão entender do que se trata a música só no sentir”, afirma.
De Primeira, uma parceria dos selos Alá e Quadrilha com distribuição da Altafonte, é o momento para Marina Sena assumir as rédeas do seu destino. “Eu amo trabalhar com banda, mas, realmente, seguir solo me traz muitas liberdades artísticas e de decisões que eu gosto muito”, afirma a artista em conversa exclusiva com o Blog do Arcanjo.
Artistas comentam disco De Primeira de Marina Sena

Uma cantora, duas bandas
E este jornalista e crítico sabe de sua capacidade de se doar ao grupo e jamais se esquece da noite de 6 de dezembro de 2019, já histórica, quando Marina Santa se dividiu com intervalo de poucas horas entre o show com o Rosa Neon no Z do Largo da Batata e na sequência se apresentou com A Outra Banda da Lua no Jazz B na República, em maratona digna de grande estrela que se anunciava. Em ambos os shows todos os olhos estiveram voltados para seu farto carisma, originalidade vocal e presença indiscutível de cena.

“Eu acho que eu sou o que é A Outra Banda da Lua e o Rosa Neon com um plus, mas acho que eu carrego sempre todas as referências que tive na minha carreira”, define Marina, valorizando seu passado, mas seguindo em frente como pede a vida.
E é justamente a mistura da brasilidade de A Outra Banda da Lua com o pop refinado do Rosa Neon e sem medo da sonoridade jovem contemporânea que ela apresenta em seu novo trabalho, acrescido de generosa dose do que já excedia nas duas bandas: ela mesma.

Voz única e farto carisma
Dona de grande poder de sedução e um timbre vocal que é só dela, a artista conta com faixas produzidas por Iuri Rio Branco com mixagem de Guigo Berger e masterização de Felipe Tichauer, além de dez vídeos — um para cada faixa — sob direção de Vito Soares.

Nas fotos de divulgação do álbum é impossível não enxergar Marisa Monte como referência. Contudo, Marina Sena é maior do que qualquer comparação com suas antecessoras na MPB. Este crítico, quando a viu pela primeira vez cantando Cavalaria com A Outra Banda da Lua buscou misturas tão díspares quanto Gal Costa, Nara Leão e Elis Regina para tentar defini-la, o que deixou evidente a falta de predecessora e que Marina Sena tem personalidade farta demais para ser cópia de qualquer coisa. E fazia tempos que a música brasileira não ganhava uma artista deste porte. “Quero conquistar tudo que sei que consigo com minha energia”, avisa.
Como o disco De Primeira deixa transparecer em cada detalhe, Marina Sena é a sua própria estrela.
Artistas comentam disco De Primeira de Marina Sena
Ouça o álbum De Primeira, de Marina Sena!
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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